Os Dinossauros Ainda Estão Por Aí!

Descobertas recentes da ciência mostram que a relação entre dinossauros e aves é bem mais estreita do que se pensava. De forma menos glamourosa, esses répteis terríveis que fizeram sucesso no cinema, continuam vivendo entre nós.

Certamente não estou me referindo aos dinossauros-robôs, produtos da mecatrônica, que vocês já viram por aí em exposição de shopping-centers. Estou me referindo aos ancestrais diretos dos extintos dinossauros, répteis medonhos que dominaram o período Jurássico da Era Mesozóica. Das quase 10 mil espécies de aves que existem na natureza, todas são descendentes diretas dos dinossauros. O parentesco entre os dois é um fato bem conhecido da biologia
A ideia de que as aves descendem dos dinossauros é quase tão antiga quanto a teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin. Thomas Huxley, amigo de Darwin, pautou-se na semelhança do esqueleto de aves e dinossauros para, em 1870, sugerir a existência de um elo de parentesco entre eles. Foi necessário esperar 120 anos para comprovar a hipótese. Em 1994, os primeiros fósseis de dinossauros com vestígios de penas começaram a ser desenterrados na China. Eram todos bípedes e carnívoros, como o tiranossauro, embora muito menores, do tamanho de seriemas. Em julho de 2012, os paleontólogos alemães encontraram um indício de que boa parte dos dinossauros tinha penas e bico como as aves atuais.
Antes dessa descoberta, os cientistas já desconfiavam da proximidade entre os dois grupos baseados numa série de evidências morfológicas, fisiológicas e comportamentais. O pescoço em forma de "S" que os dinossauros e as aves possuem, por exemplo, provavelmente evoluiu nos primeiros dinossauros como uma adaptação para ampliar o campo de visão (igual o bipedismo - seja nos dinos, seja nos homens).
O cuidado que os dinossauros tinham com a sua prole, construindo ninhos e chocando os ovos evidencia o parentesco, mas nada fala mais alto do que as semelhanças morfológicas. O grupo de dinossauros que deu origem às aves, os terópodes (dos quais faz parte o glorioso tiranossauro), tinha pés de passarinho, com três dedos para frente e um para trás. O tiranossauro também tinha ossos pneumáticos, ou seja, com câmaras internas cheias de ar, como as aves modernas. Sabemos que essa é uma característica essencial para o voo. Também sabemos que os tiranossauros não voavam, mas os ossos pneumáticos deixavam o gigante mais leve e ágil.
No sistema respiratório das aves, o ar circula por uma rede intrincada de canais ligando reservatórios de ar. São os chamados sacos aéreos. Eles mantêm os pulmões sempre cheios, mesmo quando a ave expira. Isso confere um poder invejável de respiração - e possibilita às aves voar a altitudes rarefeitas. Mas saiba que tudo isso começou aqui no chão, para ajudar certos dinossauros a correr mais.
A articulação do punho das aves de hoje permite uma ampla movimentação das asas. Alguns dinossauros tinham essa mesma característica - caso dos maniraptores. O nome disso na biologia é "exaptação": o uso de uma estrutura antiga para uma função nova (igual aconteceu com os sacos aéreos e com as penas). Nos dinossauros, o punho articulado só servia para deixar as mãos mais ágeis.
E, por último, as penas. Já foram encontraram dezenas de dinossauros penosos - a maior parte do grupo dos coelurosaurus, que inclui de tiranossauros a dinos voadores. Mas o achado mais recente, o Sciurumimus, desenterrado em julho de 2012, na Alemanha, é uma exceção: pertence ao grupo dos megalosauros, um ramo bem diferente. Isso sugere que o ancestral comum entre os dois grupos podia ter penas - e mais: que todos os dinossauros talvez tenham tido pelo menos algum tipo de penugem. A função? A mesma que os pelos têm nos mamíferos: regular a temperatura.

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