Darwin, Dawkins e os Memes

Hoje em dia tudo mundo sabe o que é um meme, mas poucos sabem que foi o biólogo evolucionista Richard Dawkins que criou esse termo a partir do princípio básico do darwinismo, a teoria da seleção natural. Por sua vez, Charles Darwin, o autor da teoria da evolução, foi alvo de chacotas e gozações em seu tempo por causa de suas afirmações a respeito da ascendência simiesca dos humanos 

No mundo conectado de hoje todo mundo sabe o que é um "meme". O que muitos não sabem é que o criador desse termo foi o biólogo evolucionista Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, em seu livro O Gene Egoísta de 1976. Atualmente, o termo "meme" refere-se "ao fenômeno de 'viralização' de uma informação, ou seja, qualquer vídeo, imagem, frase, ideia, música e etc, que se espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançando muita popularidade. Mais exatamente, usa-se a palavra "meme" para descrever um conceito de imagem, vídeo e/ou relacionados ao humor, que se espalha via internet.
E fazer chacotas e gozações sobre um determinado assunto ou pessoa não é algo dos tempos atuais. Ninguém está livre de disso, nem mesmo os mais renomados cientistas. Quando o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) publicou seus trabalhos sobre a evolução biológica e sobre a evolução humana no livro A Descendência do Homem, no final do século XIX, muitos dos seus contemporâneos não compreenderam suas hipóteses e revoltaram-se com a ideia de serem comparados a macacos. As idéias de Darwin geraram protestos de todo os tipos e o naturalista virou alvo de inúmeras chacotas e gozações publicadas em forma de charges pela imprensa da época. A hipótese de uma ascendência simiesca dos humanos proposta por Darwin repugnava a praticamente todos e as ideias darwinianas foram duramente criticadas, em especial pela Igreja, que defendia a tese criacionista sobre a origem do homem. Essas críticas não se limitavam ao pensamento de Darwin, mas voltavam-se também contra a sua pessoa: ele era constantemente ridicularizado por meio de charges e caricaturas nos periódicos da época, ora desenhado como macaco, ora conversando com eles. Mesmo sem afirmar que o homem descendia dos macacos, Darwin foi amplamente ridicularizado pela imprensa de tempo. Uma famosa caricatura de 1871 coloca o rosto de Darwin em corpo de chimpanzé.
E Darwin era atacado de todos os lados. Uma provocação do bispo Samuel Wilbeforce durante um debate sobre evolucionismo que contava com a presença de Darwin e outros cidadãos ingleses ilustres "É por parte de avô ou avó que você descende do macaco?", perguntou o bispo Wilberforce após um inflamado discurso contra a teoria da evolução no museu da Universidade de Oxford, onde mais de mil pessoas assistiam ao debate. Mas quem respondeu à pergunta naquele 30 de junho de 1860 não foi o pai da teoria e sim o seu fiel amigo Thomas Huxley. Huxley retrucou: "O que eu preferiria como avô? Um homem altamente dotado pela natureza, mas que utiliza suas faculdades com o mero propósito de introduzir o ridículo numa discussão científica, ou um miserável macaco? Sem hesitar, escolho o macaco."
Apesar de tudo, Darwin tinha (e tem até hoje) muitos admiradores. Dentre eles está o próprio Dawkins que propôs o termo "meme" a partir do princípio básico do darwinismo, a teoria da seleção natural. Segundo ele, "a seleção natural, não precisaria se restringir aos genes, mas poderia ser estendido a qualquer outra situação em que unidades replicadoras disputam entre si pela oportunidade de fazer o grande salto de uma geração à outra. O darwinismo, escreveu Dawkins, 'é uma teoria demasiado ampla para permanecer confinada ao contexto estreito do gene'. Ou seja, os princípios estabelecidos pelo naturalista inglês Charles Darwin no século 19 poderiam extrapolar a biologia para explicar os mecanismos que regem a cultura humana em toda sua inigualável complexidade. Se o gene é uma unidade de informação biológica, precisaríamos de uma unidade equivalente no campo cultural. Dawkins propôs a palavra 'meme' para designar essa nova entidade. O termo vem do grego mimeme (imitação), reduzido a duas sílabas para que soasse parecido com 'gene'.", diz uma matéria publicada na revista Superinteressante.
"O conceito de meme é bastante amplo, incluindo hábitos, superstições, crenças, doutrinas, teorias – em suma, qualquer representação mental que dependa dos limitados recursos do cérebro humano para sobreviver e se difundir." "A despeito da origem da palavra, o meme talvez seja mais comparável ao vírus do que ao gene", diz a Super. "Assim como o vírus é capaz de parasitar nosso DNA para produzir cópias de si mesmo, os memes são parasitas cerebrais. Invadem nossa mente e alteram nosso comportamento, que a partir de então passa a contagiar outras mentes. A moda e certas febres de consumo são talvez o exemplo mais evidente desse processo. "
"A palavra 'meme' foi incorporada ao conceituado Dicionário de Inglês Oxford. Mas talvez o maior índice de sucesso do meme seja o fato de que já começam a aparecer distorções populares do conceito", diz a matéria da Super. "Basta pesquisar por 'memes' na internet para encontrar as mais variadas e alopradas teorias. Muitos ignoram os rigorosos fundamentos darwinistas do conceito para transformar o meme em uma vertente mística da Nova Era."
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