Investigando a Vida Secreta das Plantas


O livro A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird, revelou que as plantas são capazes de perceber agressões cometidas ao seu redor e parecem ter consciência até mesmo de intenções ocultas na mente humana Estas faculdades das plantas vem sendo confirmada por pesquisas científicas realizadas no Brasil. Ela faz parte de um conjunto de descobertas que deverá revolucionar a visão de mundo do próximo século e apontam para um relacionamento mais harmonioso entre o homem e a natureza.
Os xamãs — homens de conhecimento das comunidades pré-históricas — já sabiam que, por trás de seu aparente torpor, as plantas possuem uma vida secreta, cheia de percepções e atividades. Esse mundo oculto foi contactado, desde então, por visionários de diferentes épocas e lugares, como o místico alemão Jacob Boehme (1575-1624), que dizia ser capaz de penetrar a consciência das plantas.
A ciência materialista, porém, preferiu descartar esse tema, que desafiava sua limitada descrição da realidade. Ele continuaria provavelmente ignorado se, em 1966, uma descoberta casual não tivesse rompido essa conspiração de silêncio. Naquele ano, Cleve Backster, então o maior especialista americano em detecção de mentiras, teve a estranha idéia de fixar os eletrodos de um de seus detectores numa folha de dracena, espécie tropical utilizada como planta ornamental.
Ele foi movido pela simples curiosidade, mas o que encontrou abalaria os fundamentos da visão de mundo dominante. Backster suspeitava que a planta reagisse a agressões reais à sua integridade física. Mas não podia imaginar que a simples idéia dessas agressões provocasse saltos violentos nos gráficos traçados pelo aparelho. Pois foi exatamente o que aconteceu quando ele pensou em queimar uma das folhas da dracena.
E voltou a acontecer quando se aproximou dela com uma caixa de fósforos, disposto a levar sua intenção à prática. A planta parecia ler o seu pensamento e sabia distinguir as ameaças reais da mera simulação.
Sem querer, Backster abrira a porta que dava entrada a uma realidade totalmente inesperada — e desconcertante.
A grande novidade do experimento foi ter propiciado um acesso direto às percepções das plantas sem a intermediação de sensitivos humanos: não era preciso ser paranormal para contactar o mundo da consciência vegetal. Esse ponto de vista foi reforçado, em julho último, por uma pesquisa feita na Universidade de Gant, na Bélgica.
Valendo-se de imagens em infravermelho, o pesquisador Dominique van der Straeten e sua equipe descobriram que as folhas de tabaco têm a capacidade de reagir com uma espécie de febre quando infectadas por certos tipos de vírus. Como relatado no jornal Nature Biotechnology, as folhas sofreram um aumento de temperatura de até 0,4 grau Celsius, oito horas antes dos efeitos dos vírus se manifestarem, num processo "fisiológico" semelhante ao do corpo humano.
Percepção básica

Atento a tais descobertas, um brasileiro resolveu fazer uma investigação parecida. Trata-se do engenheiro Arlindo Tondin (foto), mestre em eletrônica pela Universidade de Nova York e um dos fundadores da Faculdade de Engenharia Industrial, de São Bernardo do Campo, SP.
Tondin fixou eletrodos próximo à raiz e num dos galhos de um limoeiro. "Verifiquei que havia, entre os dois pontos, uma diferença de potencial elétrico da ordem de microvolts", informa. "Eu já desconfiava que a ascensão da seiva estivesse associada a um fenômeno elétrico e, para confirmar isso, liguei aos eletrodos uma pilha de 1,5 volt, de modo a intensificar a corrente na região. Resultado: os frutos do galho onde estava o eletrodo ficaram maiores e amadureceram mais rápido que os demais."
Estava provada a tese da seiva. O próximo passo era averiguar como as agressões externas afetavam a corrente elétrica que circula na planta. Para isso, o engenheiro utilizou um osciloscópio de raios catódicos de alta sensibilidade. "Conectei o osciloscópio aos eletrodos e, com uma vela, comecei a queimar algumas folhas. A resposta foi quase imediata: a imagem da tela do osciloscópio, que estava estacionária, passou a apresentar intensas variações." Tondin espantou-se com a reação provocada por seu ato. "Comecei a questionar até que ponto eu tinha o direito de agredir o vegetal e a natureza. E resolvi interromper a pesquisa."
O engenheiro convenceu-se da seriedade dos experimentos descritos em A Vida Secreta das Plantas. Num deles, também realizado por Backster, três plantas reagem à matança de camarões, cometida numa outra sala. Essa investigação foi conduzida com os cuida dos que caracterizam as melhores pesquisas científicas:
foram escolhidos, como vítimas, animais de grande vitalidade, pois já tinha sido notado que seres doentes ou a caminho da morte não eram capazes de estimular as plantas a distância;
para evitar que a subjetividade dos pesquisadores influísse nos resultados, os camarões eram despejados numa vasilha de água fervente por um mecanismo automático, longe das vistas de qualquer ser humano;
eliminaram-se as possibilidades de que o próprio funcionamento do mecanismo ou eventuais perturbações eletromagnéticas afetassem a forma dos gráficos; as plantas, monitoradas por detectores, foram colocadas em três salas diferentes, submetidas às mesmas condições de temperatura e iluminação.
A análise dos gráficos mostrou que as plantas reagiam intensa e sincronizadamente à morte dos camarões — numa proporção que excluía qualquer hipótese de uma flutuação puramente casual das variáveis elétricas. Backster sentiu-se respaldado para formular a tese de que os vegetais, como todo organismo vivo, dispõem de uma percepção primária que lhes permite detectar, a distância, qualquer agressão à vida.
Apesar de sua aparência simples, as plantas são organismos altamente complexos. Uma planta pequena, como o pé de centeio, possui nada menos que 13 milhões de radículas em sua raiz. Estas são formadas, por sua vez, de 14 bilhões de filamentos, que, se fossem enfileirados um após o outro, cobririam uma extensão de 11 mil quilômetros, quase a distância de um pólo a outro.
Toda planta é dotada de uma malha elétrica em equilíbrio. Nas árvores, a corrente elétrica sobe pelo anel externo e desce pelo anel central. Como demonstrou a pesquisa do brasileiro Arlindo Tondin, essa corrente está associada ao fluxo da seiva.

Comentários

  1. Oi, José!!!

    Seguindo o link postado no evolucionismo acabei chegando no artigo seu. Li este seu post, sobre a “sensação e emoção” em plantas [http://profjabiorritmo.blogspot.com/2010/11/investigando-vida-secreta-das-plantas.htm] com uma certa apreensão, admito. Principalmente por que ele transmite algumas idéias e conceitos que considero bastante equivocados e os transmite de maneira pouco crítica.

    O fato de não serem listadas referências claras para as questões e resultados mais polêmicas, também chamaram minha atenção. Não sei se é isso, mas parece que este post é uma adaptação/resumo de uma matéria da revista galileu. É isso?

    Minha maior preocupação é que, em seu artigo, estão misturados temas que deveriam ser mais criteriosamente separados. O primeiro deles é um tema eminentemente pseudocientífico, associado ao chamado “efeito Backster”, muito comentado em círculos pseudocientíficos e de pesquisa parapsicológica menos rigorosos, mas completamente desacreditado nos círculos científicos tradicionais, não por mero preconceito, mas pela falta de evidências que o corroborem de maneira sistemática. Os trabalhos de Backster foram criticados por sua baixíssima amostragem e terrível qualidade metodológica já que no delineamento por ele utilizado são ignorados, inclusive, cânones básicos da metodologia científica, como a presença de controles adequados e, principalmente, de procedimentos cegos ou duplo-cegos e aleatorização dos tratamentos. Práticas importantíssima em situações tão polêmicas.

    [Não preciso lembrar que Backster não é um cientista especializado, nem em fisiologia vegetal e nem em psicologia experimental ou comportamental, mas apenas um especialista em testes de polígrafos, uma prática bem controversa por sinal. Esta falta de familiaridade com ciência experimental, portanto, ajuda a explicar a falta de conhecimento, de Backster, sobre a questão metodológica. Porém, isso não justifica a atitude dele de alardear sem evidências rigorosas este tipo de crença Além disso, ele não publicou estes dados em nenhuma revista especializada (muito menos conceituada) de alguma das destas áreas relevantes, mas sim em um periódico de parapsicologia. Portanto, a questão, mesmo na época, estava à margem das disciplinas científicas bem estabelecidas.]

    [continua]

    Rodrigo

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  2. Continuação comentário anterior (parte II)
    O maior problema é que os procedimentos experimentais, que Backster não seguiu, não são só aceitos nas áreas de psicologia e medicina, mas em qualquer área na qual o efeito do experimentador (e a manipulação consciente ou inconsciente das condições experimentais) e o viés de confirmação, possam se dar interferindo na condução dos procedimentos e análise dos resultado, em função das espectativas humanas. Estes procedimentos são aceitos inclusive pelas grandes sociedades de pesquisa parapsicológica. Pelo menos estas assim o declaram. Porém, o maior problema com os resultados de Backster é que eles não são replicáveis quando cuidados metodológicos adicionais são tomados e isso está disponível na literatura científica.

    Veja, por exemplo, o artigo publicado na revista Science em 1975:

    Horowitz KA, Lewis DC, Gasteiger EL. Plant "primary perception": electrophysiological unresponsiveness to brine shrimp killing. Science. 1975 Aug 8;189(4201):478-80. PubMed PMID: 17781887. - http://bit.ly/hQ3gMy

    Veja também:

    Galston, A. W. ja Slayman, C. L. (1983) Plant sensitivity and sensation. in Teoksessa: G. O. Abell ja B. Singer (toim.) Science and paranormal: Probing the existence of the supernatural. New York: Charles Scribner’s Sons. - http://www.skepsis.nl/backster.pdf

    Robert Carroll, do skeptic dictionary, também faz uma extensa crítica ao trabalho de Backster:

    http://www.skepdic.com/plants.html

    [continua]

    Rodrigo

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  3. Continuação comentário anterior (parte III)
    Em seu artigo, o trabalho do brasileiro, é relatado também de uma forma um tanto superficial (imagino que em função das próprias informações disponíveis na Galileu), isto é, sem os detalhes metodológicos mais relevantes e, por exemplo, em qual periódico o artigo foi publicado. Descrever a aparelhagem é bem menos importante do que sabermos se ele adotou controles adequados e salva-guardas experimentais contra o viés de confirmação e outros artefatos.

    A segunda questão é que me parece misturado no seu post, o relato de resultados interessante ssobre fisiologia vegetal, publicados na Nature Biotech. É uma pena, pois o campo de estudo da fisiologia vegetal está passando por uma renovação que, em boa parte, pode ser atribuída ao estudos das capacidades de adaptação fisiológica das plantas e seus elaborados (ainda que difusos) sistemas de integração sensorial e efetora destes seres multicelulares.

    Estas faculdades das plantas realmente são impressionantes e fizeram alguns fisiologistas vegetais, como Stefano Mancuso e Scott Trewavas, começar a utilizar expressões como “inteligência vegetal” e “comportamento de plantas”, sugerindo uma extensão dos conceitos de cognição, ainda que, por enquanto, sejam apenas utilizadas como metáforas heurísticas, ainda não digeridas por muitos cientistas que apontam as diferenças entre a cognição animal e a suposta cognição vegetal e seus análogos de aprendizagem e memória. Além disso, não há conotação, por parte deste cientistas, de que esta suposta cognição envolva algum tipo de consciência e, muito menos, habilidade paranormal. No seu artigo estas coisas acabaram se confundindo.

    Para um resumo aconselho os links em seguida:

    http://bit.ly/a17AtW
    http://bit.ly/ieTkr
    http://bit.ly/ayldrX
    http://www.plantbehavior.org/
    http://www.linv.org/

    [continua]

    Rodrigo

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  4. Conclusão comentários (parte IV)
    Por fim, seguem referências sobre o campo chamado “Neurobiologia de plantas” e a polêmica suscitada pelas propostas de Mancuso e Trewavas.

    Note bem, entretanto, que estas polêmicas mesmo assim não têm relação com as idéias pseudocientíficas de Backster, principalmente a imputação de consciência e percepção paranormal às plantas. Na realidade, elas versam sobre questões conceituais, especialmente, sobre a apropriação ou não de certas analogias e metáforas, alegando que elas teriam um possível papel heurístico positivo nos estudos de fisiologia e ecologia sensorial de plantas, como o próprio Trewavas deixa claro.

    Alpi A, Amrhein N, Bertl A, Blatt MR, Blumwald E, Cervone F, Dainty J, De Michelis MI, Epstein E, Galston AW, Goldsmith MH, Hawes C, Hell R, Hetherington A, Hofte H, Juergens G, Leaver CJ, Moroni A, Murphy A, Oparka K, Perata P, Quader H, Rausch T, Ritzenthaler C, Rivetta A, Robinson DG, Sanders D, Scheres B, Schumacher K, Sentenac H, Slayman CL, Soave C, Somerville C, Taiz L, Thiel G, Wagner R. Plant neurobiology: no brain, no gain? Trends Plant Sci. 2007 Apr;12(4):135-6. Epub 2007 Mar 23. PubMed PMID: 17368081.

    Baluska F, Mancuso S. Plant neurobiology as a paradigm shift not only in the plant sciences. Plant Signal Behav. 2007 Jul;2(4):205-7. PubMed PMID: 19516989;PubMed Central PMCID: PMC2634129. – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2634129/

    Baluska F, Mancuso S. Plant neurobiology: from sensory biology, via plant communication, to social plant behavior. Cogn Process. 2009 Feb;10 Suppl 1:S3-7. Epub 2008 Nov 8. Review. PubMed PMID: 18998182.

    Baluska F., Mancuso S. (2009) Plant neurobiology: From stimulus perception to adaptive behavior of plants, via integrated chemical and electrical signaling. Plant Signaling and Behavior 4(6): 475-476Brenner ED, Stahlberg R, Mancuso S, Vivanco J, Baluska F, Van Volkenburgh E. Plant neurobiology: an integrated view of plant signaling. Trends Plant Sci. 2006 Aug;11(8):413-9. Epub 2006 Jul 13. Review. PubMed PMID: 16843034.

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    Trewavas A. Green plants as intelligent organisms. Trends Plant Sci. 2005 Sep;10(9):413-9.PubMed PMID: 16054860.

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    Trewavas, A.J. (2004). Aspects of Plant intelligence : an answer to Firn. Annals of Botany, 93, 353-357.

    Abraços,

    Rodrigo

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  5. Caro, Rodrigo. Obrigado por suas informações esclarecedoras a respeito da faculdade cognitiva das plantas. Percebo que você conhece profundamente o assunto e tudo que você relatou é, sem dúvida, bastante enriquecedor. Gostaria de acrescentar apenas que este blog não tem intenção de difundir pseudociência. A menção do nome de Backster teve o propósito de apenas situar historicamente o assunto. De fato, a postagem foi feita com base na matéria que saiu na revista Galileu e, dentro da proposta do blog de divulgar temas relacionados à vida de um modo geral e para um público heterogêneo, ela me pareceu bastante adequada. Agradeço a sua preocupação.Seja benvindo ao Biorritmo.

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