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Mostrando postagens de 2020

Como Uma Vacina Pôde Ser Produzida Tão Rapidamente?

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Muitas pessoas ficam intrigadas com o fato de uma vacina contra Covid-19 ter sido produzida tão rapidamente. Normalmente, a produção de uma vacina para doença infecciosa demora de 10 a 15 anos. A vacina desenvolvida em menor tempo até hoje foi a da caxumba, que levou apenas 4 anos para ser produzida. A verdade é que a produção de uma vacina contra a Covid não começou do zero. Muito antes de se iniciar a pandemia, a ciência já trabalhava na produção do imunizante. O  compartilhamento com o mundo do código genético completo do coronavírus pelos virologistas chineses em janeiro de 2020 permitiu que médicos e microbiologistas do mundo inteiro começassem a desenvolver medicamentos e vacinas.  Além disso, a família dos coronavírus já era conhecida e havia muitos estudos em andamento que  puderam ser aproveitados e  adiantaram o processo. O esforço atual da comunidade científica mundial para a pesquisa e o desenvolvimento de uma vacina contra a pandemia de Covid-19 é sem precedentes, em termo

O Kama Sutra dos Sapos

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Entre os anfíbios anuros, a fecundação é externa e precedida por uma postura nupcial conhecida como amplexo, na qual os machos agarram as fêmeas por trás de modo que suas cloacas fiquem bem próximas e a fecundação ocorram na medida em que os ovos vão sendo liberados. Até então, eram conhecidos apenas dois tipos de amplexo, o inguinal e o axilar. Porém, na realidade, existem sete posições diferentes de amplexos, algumas tão insólitas que parecem que foram inspiradas no Kama Sutra, um texto indiano do século 4 que trata do comportamento sexual humano. Fonte da imagem: UNSW Nos anuros, ordem na qual estão classificados anfíbios como sapos, rãs e pererecas, a fecundação é externa, isto é ocorre fora do corpo da fêmea imediatamente após os ovos serem expelidos. Os machos colocam-se em contato direto com as fêmeas agarrando-as em posição que as cloacas de ambos fiquem bem próximas. Esta posição é chamada de amplexo , o qual corresponde a uma forma de pseudocópula no qual um anuro macho se c

Sindemia?

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Da combinação das palavras sinergia e pandemia nasceu o termo sindemia, um neologismo criado na década de 1990 por Merrill Singer para explicar uma situação em que “duas ou mais doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a mera soma dessas duas doenças”. O   impacto dessa interação também é facilitado pelas condições sociais e ambientais que, de alguma forma, aproximam essas duas doenças ou tornam a população mais vulnerável ao seu impacto”. Ou seja para contermos o avanço e o impacto do coronavírus, é fundamental atentar para as condições sociais que tornam certos grupos mais vulneráveis ​​à doença.  Segundo Richard Horton, editor-chefe da The Lancet: "Não importa quão eficaz seja um tratamento ou quão protetora seja uma vacina, a busca por uma solução puramente biomédica contra a covid-19 vai falhar."  A menos que os governos elaborem políticas e programas para reverter profundas disparidades sociais, nossas sociedades nunca estarão verdadeiramente prote

Genes Que Cheiram Bem

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A preferência ou aversão a certos aromas também está codificada no material genético. Uma equipe de cientistas islandeses, ao realizar o maior estudo de genes olfativos em humanos realizado até agora, descobriu que as pessoas com uma variante em um gene acham o cheiro de peixe podre menos desagradável e intenso do que os outros. Ao analisar os genomas de 11 mil islandeses em busca de variantes que afetam o olfato, a equipe de pesquisadores descobriu mutações em um gene específico chamado TAAR5, que afeta a percepção da trimetilamina, composto responsável pelo cheiro de peixe podre. Há muito tempo se sabe que os odores afetam nossas preferências alimentares, emoções e até mesmo a escolha do parceiro. Mesmo assim, o olfato continua sendo um dos sentidos mais misteriosos e menos conhecidos pela ciência, apesar dos grandes avanços desde as descobertas sobre os receptores de odor feitas no início dos anos 1990 por Linda Buck e Richard Axel , ganhadores do Nobel de Medicina em 2004.  Um do

"A Ameba Comedora de Cérebro" Ataca Outra Vez

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A ameba de vida livre Naegleria fowleri , que ganhou da imprensa o apelido de "ameba comedora de cérebro" voltou a fazer vítimas nos EUA. Esse protozoário causa uma doença em humanos conhecida como Meningoencefalite Amebiana Primária (MAP), que destrói o tecido nervoso do nosso cérebro. A doença é rara, mas fatal: de acordo com o CDC, 145 pessoas foram infectadas de 1962 a 2018 e apenas quatro sobreviveram. Recentemente, moradores de oito cidades do sudeste do Texas foram alertados pelas autoridades sanitárias para não utilizarem a água que abastece essas localidades devido à presença de Naegleria fowleri . Embora o número de vítimas de Naegleria seja melhor contabilizado nos EUA, a doença causada pela ameba faz vítimas no mundo todo. As infecções ocorrem com mais frequência pelo contato direto do hospedeiro com o protozoário, através da entrada de água contaminada nas vias nasais, em atividades físicas ou mesmo no lazer, como nadar ou mergulhar. (Fonte da Imagem: CDC) O tít

Ai, Minha Glândula Pineal!

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Reparei que, em determinados lugares, o aferidor não aponta mais o termômetro para a testa do cliente e sim para alguma região do braço. Essa mudança não é aleatória e foi introduzida a partir da veiculação nas redes sociais de que apontar um termômetro que emite radiação infravermelha para a testa de uma pessoa pode causar sérios danos cerebrais, mais precisamente aqueles relacionados com o funcionamento da glândula pineal. Essa informação é falsa. O s termômetros usados para medir a temperatura do corpo humano e detectar febre à distância, são equipados com algoritmos que permitem converter a temperatura estimada da superfície da pele numa estimativa da temperatura interna do corpo.  Alguns desses equipamentos têm miras laser, mas elas não são parte do processo de leitura, nem o laser tem potência suficiente para penetrar a pele ou causar efeitos no cérebro ou outros órgãos. No cotidiano temos percebido que a pseudociência tem contribuído mais para as mudanças de comportamento social

Cura nas Alturas: A FAB e os "Voos de Coqueluche"

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Devido à precariedade dos tratamentos, na primeira metade do século XX a solução mais adotada no combate à coqueluche era realizar um voo em grandes altitudes. Esses voos eram considerados um tratamento alternativo para a doença, uma vez que, na época, acreditava-se que submetendo os portadores da coqueluche ao excesso de velocidade e de vento proporcionados pelas aeronaves, bem como à mudança de pressão atmosférica no avião era capaz de amenizar e até curar os sintomas da enfermidade, pois criava-se condições desfavoráveis à bactéria causadora. Desde o ano da sua criação em 1941, A FAB ( Força Aérea Brasileira) levava gratuitamente pacientes a bordo de suas aeronaves no que ficou historicamente conhecido como "voos de coqueluche". Nessa foto do Arquivo Histórico Nacional, pode-se observar a aeronave Douglas C-47 FAB 2062 num destes voos em prol da saúde. Observem as mães, as crianças e a tripulação impecavelmente vestidas para essa ocasião. Segundo alguns historiadores, os

Biohackers da Vida Real

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Biohackers é uma nova  série  de televisão alemã exibida pela Netflix cuja trama  gira em torno da história de Mia Akerlund, uma caloura de medicina na Universidade de Freiburg.   Mia está muito interessada em tecnologia de  biohacking  e se envolve no mundo da experimentação genética ilegal e ao mesmo tempo tenta investigar a causa da morte de seu irmão gêmeo. Biohackers existem também no mundo real.  Adeptos da cultura "do it yourself" ("faça você mesmo"), o biohacking une o universo da biologia com a cultura hacker.  Uma característica comum dos biohackers da atualidade é que eles defendem um acesso mais livre a ciência e ao conhecimento. Normalmente, os adeptos do biohacking são pessoas que está fugindo dos propósitos acadêmicos. Pessoas que querem pensar coisas que na academia não fazem sentido. O biohacking quer colocar em prática conceitos e ideias, que um dia podem precisar passar por validação científica, mas que tem um caminho interessante de experiment

Ozonioterapia: Tire o Seu da Reta

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Depois de tentar prevenir, sem sucesso, o aumento de casos de Covid-19 com homeopatia, cloroquina e ivermectina, Volnei Morastoni, prefeito de Itajaí-SC resolveu sugerir a  aplicação de sessões de ozônio por via retal para tratar os pacientes. Mesmo reconhecendo que  o efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos, o Ministério da Saúde recebeu essa semana defensores do procedimento por via retal.  Não há recomendação da OMS para a ozonioterapia como forma de tratamento para a covid-19. Em 2018, a  ozonioterapia foi reconhecida como tratamento complementar no SUS, como recurso aplicado a doenças como câncer, inflamações crônicas e infecções variadas. No entanto, após a medida, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu os médicos brasileiros de prescrever o uso do procedimento, com base no Código de Ética Médica. A entidade reforça que há falta de reconhecimento cien

Imunidade de Rebanho Pode Levar a Vaca Pro Brejo

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Apesar de muito difundida ultimamente a expressão "imunidade de rebanho" não é nova. A metodologia já existe a muito tempo e é sinônimo de imunidade coletiva. Imunidade coletiva é o que as vacinas tentam criar de forma passiva, sem prejuízo às pessoas. O conceito foi criado por imunologistas para calcular quantos indivíduos precisam estar imunes a um agente infeccioso para não ameaçar indivíduos vulneráveis.  Especialistas em infectologia, epidemiologia e vacinas, autoridades sanitárias e estudos científicos já publicados mostram que a imunidade de rebanho sem vacina é quase inalcançável .  No Brasil, por exemplo, a uma taxa de 35% , a  imunidade de rebanho sem uma vacina contra a COVID-19 custaria 700 mil vidas A ansiedade da população em se ver livre do novo coronavírus está suscitando pesquisas que creditam às suas fichas na chamada imunidade de rebanho. Recentemente, dois estudos internacionais levantaram a hipótese de que a imunidade de rebanho possa ser alcançad

A Reviravolta da Vacina

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Uma sociedade em que se tem verificado uma ascensão dos antivacinistas nas últimas décadas, agora espera ansiosamente pelo anúncio de uma vacina contra a Covid-19.  As autoridades sanitárias mundiais já estão convencidas de que somente a imunização antiviral trará tranquilidade sobre a disseminação e controle da Covid-19. Por isso que em todo o mundo estão sendo testadas possíveis substâncias ativas para uma vacina. O  número de projetos é superior a 120 , incluindo desde pequenas empresas, como as alemãs Biontech e Curevac, a grupos globais como a Sanofi e a GlaxoSmithKline.  No Brasil, pesquisadores da Fiocruz produzirão a vacina para a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a biofarmacêutica AstraZeneca. A previsão é que os primeiros lotes possam ser utilizados até dezembro de 2020.  O mundo está mesmo ao contrário. Uma sociedade em que se tem verificado uma ascensão dos antivacinistas nas últimas décadas, agora espera ansiosamente pelo anúncio de

Covid-19: A Importância das Modelagens Matemáticas

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O emprego de modelos matemáticos que predizem o número de casos ou de mortes no curso de uma epidemia não são recentes. Pelo contrário, a história da epidemiologia registra um acúmulo de conhecimento de pelo menos 250 anos a respeito desse tema. Na figura vemos o gráfico que demonstra o  Modelo SIR básico de descrição de uma epidemia,  composto pelas letras iniciais de três grupos envolvidos na trajetória epidêmica: os Suscetíveis, os Infectados e os Recuperados. Esse modelo foi  apresentado pela primeira vez em 1927 por dois pesquisadores holandeses e o seu gráfico mostra que , no curso de uma epidemia,  o número de pessoas suscetíveis (S, linha azul) cai, o de infectados (I, linha verde) oscila e o de recuperados (R, linha vermelha) aumenta. Face a pandemia de Covid-19 que tem assolado o mundo nos últimos meses, a modelagem matemática de doenças infecciosas tem ganhado prestígio e visibilidade como nunca. Por descrever situações que mudam com rapidez e das quais têm apenas