Jacarés Sobrevivem nas Lagoas do Rio

Jacarés de até 2,60 m de comprimento  vivem em canal do Recreio.  Em todo o complexo lagunar
de Jacarepaguá, existem até 2 mil répteis.Poluição e alimentação inadequada ameaçam os animais

O que  era para ser o hábitat natural de jacarés-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) e capivaras (Hidrochoerus hidrochoeris) passou a ser um ambiente de risco para a preservação das espécies. A poluição do complexo lagunar de Jacarepaguá, na zona oeste do município do Rio de Janeiro, prejudica a sobrevivência de animais nativos da região. Quem passa pelo canal das Tachas, no Recreio dos Bandeirantes, se depara facilmente com jacarés a poucos metros de distância em meio a água suja de esgoto e repleta de salvínias, planta associada à poluição.
O biólogo Ricardo Freitas, especialista em crocodilianos, faz o monitoramento de 384 jacarés do local. Segundo ele, os animais sempre habitaram a região de Jacarepaguá, que significa “lagoa rasa de jacaré”. De acordo com o biólogo, a espécie sofre, hoje, processo de declínio devido ao desequilíbrio sexual: “O clima quente e o ambiente poluído aumentam a temperatura de encubação dos ovos e favorecem o nascimento de machos”, explica.
A presença dos répteis já não espanta mais os moradores. O que chama a atenção e preocupa são as condições em que vivem. O presidente da Associação de Moradores do Recreio dos Bandeirantes (Amore), Dair Vanoteli, diz que 35% do esgoto do bairro vai para o canal das Tachas. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), “o Inea vai intensificar a fiscalização para identificar os responsáveis pelo despejo de esgoto na região”.
Segundo a Secretaria de Estado do Ambiente, o projeto de recuperação do complexo lagunar de Jacarepaguá, um dos compromissos olímpicos para 2016, já foi concluído e espera para ser colocado em prática. “Estamos aguardando o recurso, que já foi solicitado ao Ministério das Cidades”, afirma Antônio da Hora, subsecretário de Projetos e Intervenções Especiais.O subsecretário afirma que serão feitos o desassoreamento e a despoluição das lagoas, inclusive do canal das Tachas, até 2015:
Com medo de que os jacarés saiam do canal e ataquem, ou até mesmo por “solidariedade”, os moradores os alimentam com peixes, carcaças de frango e carne. De acordo com o biólogo Ricardo Freitas, isso é errado, porque cria um condicionamento prejudicial: “O ideal é que eles sobrevivam com os recursos do ambiente”. Em pesquisa feita em 2008, o biólogo encontrou, no estômago dos jacarés, moluscos e percevejos d’água, comuns em ambientes poluídos, além de sacos plásticos, garrafas PET, borracha e até preservativos.
Fonte: Jornal METRO RIO (Edição de 05/03/2012)

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