Aquarela Vegetal do Brasil


Ilustradora botânica lança livro sobre 20 anos de trabalho nas florestas do Brasil e fala sobre a prática e a importância do desenho científico nessa área.  À esquerda, a orquídea ‘Cycnoches pentadactylum’, que ocorre no Tocantins.  À direita, a bromélia ‘Aechmea mertensii’, encontrada no Pará.

As pinturas de um dos expoentes da área de ilustração científica hoje no Brasil podem ser conferidas no livro Plantas brasileiras – A ilustração botânica de Dulce Nascimento (editora Batel), que traz um resumo da trajetória dessa ilustradora.“Muitos pesquisadores precisam de uma imagem para apoiar seu trabalho. É aí que entra a ilustração científica, que abrange várias áreas, como medicina, arqueologia, zoologia e, no meu caso, a botânica”, resume Nascimento. Ela iniciou sua trajetória em 1981 quando cursava composição paisagística na Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Pode parecer estranho que, numa era com tantos recursos tecnológicos, o desenho não tenha ficado obsoleto. “A fotografia digital dá um apoio muito bom, mas nem sempre esclarece tudo sobre a planta”, explica a ilustradora. “Às vezes, a foto perde foco em alguma região, a luz não é homogênea ou o fundo polui a imagem. No desenho, o trabalho fica limpo, deixando apenas aquilo que define a espécie.”
Durante o trabalho de campo, a agilidade é fundamental. Como os exploradores têm que terminar todas as atividades durante o dia, o tempo é muito contado. Por essa razão, não é possível fazer o desenho completo na floresta. “Temos que começar a voltar, digamos, às 15 horas, porque não se pode correr o risco de enfrentar escuridão na mata. É preciso desenhar a estrutura da planta, porque ela murcha depois de coletada, definir as cores na aquarela e anotá-las”, relata Nascimento. O resto do trabalho pode ser feito no acampamento, com uma amostra da espécie.
Para isso, além da precisão do desenhista, é necessário que haja um cientista orientando o trabalho. Nascimento observa que algumas partes das plantas, como as glândulas, por exemplo, precisam ser desenhadas em uma escala maior para permitir identificação posterior.
Além de acompanhar expedições, a ilustradora também dá aulas. “Procuro mostrar aos alunos o valor de documento desse trabalho. As ilustrações podem dirigir ou desviar uma pesquisa. Daqui a 50 ou 100 anos, a espécie poderá não existir mais e o cientista só vai ter aquele desenho e um texto para se informar. É uma grande responsabilidade.”
Fonte: Ciência Hoje On-Line  (adaptado)

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