Apropriando-se da Cultura Científica

Segundo o professor espanhol Miguel A. Quintanilla, os cidadãos devem se apropriar da cultura científica como uma forma de influenciar nas decisões cotidianas em relação à sociedade de modo geral

O professor espanhol Miguel Ángel Quintanilla, diretor do Instituto de Estudos de Ciência e Tecnologia (eCyT, na sigla em espanhol) da Universidade de Salamanca (Usal) e da Fundação Centro de Estudos de Ciência, Cultura Científica e Inovação (3CIN) deu uma entrevista à Agência Fapesp, em 1 de março de 2013, na qual salientou a importância dos cidadãos se apropriarem da cultura científica. 
De acordo com o entrevistado," a apropriação cidadã da cultura científica envolve o trabalho de vários agentes, como professores, pesquisadores e jornalistas, na difusão de temas de ciência e tecnologia (C&T). Apesar de as notícias do setor não serem tão populares nos meios de comunicação como as de esportes, por exemplo, os dispositivos tecnológicos e as campanhas emblemáticas ajudarão a aumentar essa popularidade.
Quintanilla disse que "a cultura científica nada mais é do que a inserção, cada vez maior, da ciência, da tecnologia e das inovações nos mais diferentes âmbitos do nosso cotidiano. E mesmo a difusão da cultura científica como profissão já está presente. O que precisamos é unificar as ações desses diferentes agentes, pois há diversos tipos de difusão. Há, por exemplo, a dos professores, feita ainda na escola primária ou secundária. Os jornalistas que atuam na cobertura da ciência são especializados na divulgação de temas científicos e os próprios cientistas também são escritores científicos. O que queremos potencializar é um enfoque diferente. É um tipo de profissional muito importante, mas poucas universidades ou centros de pesquisa têm escritórios especializados em cultura científica. É uma das muitas fronteiras que necessitamos ultrapassar."
E acrescentou:  " O objetivo é a apropriação por parte dos cidadãos. Falo de cidadãos, porque são pessoas que devem se apropriar da cultura científica, e não uma sociedade abstrata. Para isso, não há receitas mágicas. Creio que uma linha fundamental é a da educação cívica, obrigatória, básica, geral, para toda a população, que incorpore de forma muito mais ativa a cultura científica como parte da educação formal. E não apenas em áreas como matemática, física ou química, mas de forma muito mais transversal, que abarque todos os níveis e aspectos da educação. Penso que a educação precisa estar muito mais centrada em um esforço para a cultura científica por parte dos cidadãos."
Miguel Quintanilla ressaltou também que "o importante é que os cidadãos que não trabalhem com ciência entendam como funciona o processo de produção da ciência e os cientistas precisam ter em conta que, desse modo, todos os cidadãos vão valorizar o esforço para aumentar o conhecimento por parte de quem faz as pesquisas. Funciona como uma engrenagem que se autoalimenta."
"Os cidadãos influenciam na produção da ciência. A questão é se isso é feito de maneira consciente, com informações e instrumentos adequados, com objetivos predefinidos e racionais, ou de forma cega, por meio de simples mecanismos de mercado ou de procedimentos gerais de participação política indireta e de voto de diferentes programas eleitorais dos partidos políticos."
Veja a entrevista na íntegra na página do Observatório da Imprensa

Comentários

  1. Deveríamos conhecer mais sobre a cultura científica, é difícil para o profissional da ciência trabalhar quando não há pessoas valorizando-o. Dessa forma, não teremos novas descobertas científicas, nem nada que enriqueça a parte científica da nossa cultura.

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