"Soro Secreto" Contra Ebola Preocupa OMS

Utilização de um medicamento experimental para tratar pacientes infectados com o vírus Ebola nos Estados Unidos está preocupando a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a Organização, princípios éticos estão sendo negligenciados no tratamento dos doentes ( crédito)

No início da próxima semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) vai reunir um grupo de especialistas em ética médica para estudar o uso de um tratamento experimental contra a epidemia de ebola que eclodiu em vários países da África Ocidental e já ceifou a vida de mais de 900 pessoas e infectou 1.300 outras, conforme divulgado pela organização em um comunicado.
Atualmente não existe uma droga registrada ou vacina contra o vírus, mas há algumas opções experimentais em desenvolvimento.
Este é o caso do tratamento que está sendo ministrado ao médico estadunidense Kent Brantly e à sua colega Nancy Writebol, que foram infectados após o tratamento de pacientes de Ebola na Libéria. Ambos foram levados há poucos dias do país africano para Hospital da Universidade de Emory, em Atlanta, um dos melhores centros médicos nos EUA.
Ambos os profissionais de saúde infectados são membros do Samaritan's Purse, uma organização religiosa que nos últimos meses tem ajudado a cuidar de pacientes locais. Eles estão recebendo agora um tratamento experimental chamado ZMapp - que já está sendo chamado de "soro secreto" - produzido por uma empresa de biotecnologia pouco conhecida chamada Mapp Biopharmaceutical , com sede em San Diego. A empresa tem ligações com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, segundo o New York Times .
O soro que não tinha sido testado até agora em humanos, é um coquetel de três anticorpos monoclonais "humanizados" produzidos a partir de plantas de tabaco de crescimento rápido e que tem a capacidade de bloquear vírus. Conforme relatado pelo hospital,os dois doentes foram tratados com o soro e Brantly tem experimentado melhoria, enquanto Writebol continua num estado semelhante ao que se tinha anteriormente.
A droga tem componentes de duas outras drogas mais antigas, também experimentais: o ZMabb, desenvolvido pela Agência de Saúde Pública do Canadá, e o MB-003, que mostrou atividade em macacos infectados com o vírus Ebola, e também foi produzido pela Mapp Biopharmaceutical .
A OMS expressou preocupação sobre o uso deste soro experimental e, portanto, convocou a reunião da próxima semana. A organização afirma ter dúvidas sobre se é seguro usar uma droga nunca antes testada em humanos. "Estamos diante de uma situação inusitada neste surto. Temos uma doença com alta taxa de mortalidade sem tratamento ou vacina testada", disse Marie-Paule Kieny, diretora geral adjunta da OMS. "Nós temos que consultar especialistas em ética médica para que eles nos orientem sobre qual decisão é a mais responsável neste caso", acrescenta.
A organização enfatiza que "o procedimento padrão ouro para a avaliação de novas drogas envolve uma série de testes em seres humanos: começa sendo usada pouco a pouco para garantir que o medicamento é seguro para uso. Depois, os estudos são estendidos a mais pessoas para ver se a droga é eficaz e se procura a melhor maneira de administrá-la. "O princípio que norteia o uso de qualquer medicamento é o de que ele não faça mal. "A segurança é sempre a principal preocupação", conclui o comunicado.

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