Um País Onde as Pessoas Não Engordam

A OMS preconiza que todos países da União Europeia terão mais obesos até 2030, menos a Holanda. E um dos motivos que explicam porque a população holandesa é e tende a continuar magra mesmo comendo tanta batata frita com maionese é o hábito de andar de bicicleta.

Lá eles têm McDonald's e Burger King, comem muito fast-food e os jovens adoram batatas fritas e maionese como em todo lugar do mundo, mas a população não engorda. Que país é esse? E como isso é possível?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Holanda é o único país da União Europeia que não tende a ver suas taxas de obesidade crescerem nos próximos 15 anos. Até 2030, a população obesa deve atingir meros 8,5% – na Irlanda, por exemplo, a taxa deve chegar a 50%. E isso, acreditam muitos, se deve em parte ao hábito de pedalar.
Os holandeses pedalam mais do que qualquer outro povo na Europa. Em média, são 2,5 quilômetros por dia. Só que, dependendo do peso, é possível queimar apenas em torno de 60 calorias ao trafegar essa distância. E isso, portanto, não seria o único motivo para o resultado apontado pela OMS.

O uso de bicicletas tem sido incentivado na Holanda desde os anos 1970. Muitos motoristas também são ciclistas (o que significa que eles tratam os ciclistas como pessoas), e há leis rígidas estabelecendo que o automóvel é o responsável em acidentes entre um carro e uma bicicleta. Como as bicicletas são tão populares na Holanda e o terreno é propício a elas, o país é um lugar perfeito para se explorar de bicicleta. Quando o governo começou a incentivar o seu uso nos anos 1970, criando muitas ciclovias e estabelecendo estacionamentos, regras e ruas específicas foram integradas à infraestrutura.
A melhor forma de se locomover pela Holanda é, sem dúvida, de bicicleta. E é isso que faz a maioria – inclusive estrangeiros – ao desembarcar na estação de trem da cidade de Venlo, no sudeste do país, quase na fronteira com a Alemanha. "De 100 a 200 pessoas, todos os dias, chegam de trem e completam a viagem ao trabalho pedalando", conta Edwin, um holandês de 43 anos, funcionário de uma loja especializada em vendas e consertos de bicicletas.

No Instituto Scelta, especializado em pesquisa de alimentos saudáveis, o professor Fred Brouns, da Universidade de Maastricht, argumenta a favor do que havia sido observado nas ruas. "Uma coisa é certa: os holandeses se movimentam muito. Se você olhar para fora, verá ciclistas em todos os lugares. A maioria das crianças vai à escola a pé ou de bicicleta. Essa é uma grande diferença em relação à maioria dos países europeus", reforça.
Outro fator que ajuda os holandeses é o governo, que luta contra os riscos à saúde em vários níveis, particularmente nas escolas e em áreas de menor renda. "Não há efeito algum se você diz, na escola, para beberem água em vez de refrigerantes, mas, no lado de fora, o posto aonde as crianças vão nos intervalos, ter refrigerantes. Ou então na rua seguinte ter um McDonald's, e todo mundo ir lá", diz Brouns.
Ainda assim, ele diz que a obesidade é um grande desafio para a Holanda, pois acredita que o problema é maior do que o apresentado pela OMS – e pelo Fórum de Saúde Britânico, que confronta os dados do organismo. "Fui informado de que os dados que eles usaram para a Holanda estão muitos anos atrasados, não são atuais, e que são, na verdade, baseados no que as pessoas pensam que têm comido", argumenta Brouns.
Ainda assim, com estatísticas equivocadas ou não, os holandeses estão fazendo mais e melhor do que outros, principalmente em relação à União Europeia, que enfrenta uma crise de obesidade.
Fonte: Carta Capital (com adaptações)

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