Os Peixes Não Existem

De acordo com a classificação moderna dos vertebrados, o grupo dos peixes ("Pisces") não existe, por tratar-se de um grupo parafilético. O nome do grupo foi criado com base na semelhança geral de vertebrados aquáticos e, segundo alguns pesquisadores, deve ser mantido na classificação zoológica.

Entre os sistematas, é comum ouvir que peixe não existe. Portanto, se você comeu peixe hoje, continuará com fome, isto é, como peixe não existe, você não comeu nada. Se você tem certeza que se alimentou de alguma coisa hoje, como esta coisa pode não existir? 
Não se preocupe, você não está ficando maluco. O alimento que você comeu era real, a categoria taxonômica na qual ele foi incluído é que não existe. Tudo isso porque o táxon "Pisces" (Peixes), aceito em classificações tradicionais, constitui um grupamento taxonômico parafilético. Calma, vou explicar. 
Se você observar o cladograma dos vertebrados (ver figura) vamos perceber que o táxon "Pisces" não é formado por todos os descendentes de um mesmo ancestral comum, isto é, o ancestral do tubarão e da sardinha também é ancestral da lagartixa. Ou seja, "Pisces" não constitui um grupo natural ou monofilético. Um táxon monofilético consiste de um agrupamento que inclui uma espécie ancestral e todas as suas espécies descendentes.
Assim, um grupo taxonômico parafilético é formado pelo agrupamento de apenas alguns táxons descendentes de um mesmo ancestral. Em outras palavras, um grupo parafilético corresponde a um grupo monofilético do qual se retirou uma ou mais espécies descendentes.
Esse táxon foi criado com base na semelhança geral de vertebrados aquáticos e, segundo alguns pesquisadores, deve ser mantido na classificação zoológica. A condição parafilética de "Pisces" foi definida quando se verificou que uma parte dos peixes apresenta maior parentesco com o grupo dos Tetrápoda (animais vertebrados com 4 membros) do que com outros peixes.
Ao examinar a figura, é possível perceber que os "peixes pulmonados" (Dipnoi) são mais próximos filogeneticamente dos Tretrapoda (anfíbios, mamíferos, tartarugas, lagartos, cobras, crocodilos e aves), do que dos demais "peixes"; isto é, tanto Dipnoi quanto Tetrapoda apresentam um mesmo ancestral comum e exclusivo deles. Os "peixes" ósseos com nadadeiras raiadas (Actinopterygii) são mais próximos de celacantos (Actinistia) + Dipnoi + Tetrapoda do que dos "peixes" cartilaginosos (Chondricthyes) e dos "peixes" ágnatos (sem mandíbulas). Os "peixes" cartilaginosos compartilham o mesmo ancestral com os "peixes" ósseos com nadadeiras raiadas, os celacantos, os "peixes" pulmonados e os tetrápodes; e esse ancestral não é o mesmo ancestral dos "peixes" ágnatos.
Os animais tradicionalmente classificados como répteis (Reptilia) também constituem um grupo parafilético (veja na figura). Este táxon também foi erigido com base na similaridade geral do corpo de seus integrantes. Atualmente, considera-se que os jacarés e crocodilos (Crocodilia) são mais próximos filogeneticamente das Aves do que dos demais Reptilia. O táxon Reptilia não inclui todos os descendentes de um mesmo ancestral, correspondendo, na verdade, ao grupo dos animais vertebrados que produzem ovos amnióticos (Amniota) com exceção das Aves e Mammalia.
Outros táxons erigidos com base na similaridade geral do corpo e que também constituem grupos parafiléticos são:"Apterygota" (inclui os insetos sem asas) e "Invertebrata" (inclui os animais sem vértebras).

Comentários

  1. eu posso considerar repteis como grupo natural, só incluir as aves

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  2. De fato, mas caso considere-se Aves como pertencente a Reptilia, este se torna monofilético.
    Suponho que o mesmo ocorra a Pisces, se excluído os Agnatos e agrupados os demais 'peixes', este se torna um grupo corretamente monofilético. Gerando um grupo a parte para Agnatos.

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