Vírus Gigantes

Um vírus gigante ou megavírus é um vírus muito grande (alguns dos quais são maiores que as bactérias típicas), capaz de ser observado em um microscópio óptico comum. Esses vírus possuem genomas extremamente grandes em comparação com outros vírus e contêm muitos genes únicos não encontrados em outras formas de vida. No Brasil, já foram identificadas espécies novas de megavírus em diversas  coleções de água. Apesar do nome assustador, os vírus gigantes aparentemente não causam doenças no homem e infectam preferencialmente as amebas.


Tão grandes que podem ser observados em um microscópio óptico comum, apesar do nome assustador, os vírus gigantes aparentemente não causam doenças no homem e infectam preferencialmente as amebas.
De um modo geral, os vírus são historicamente definidos por duas características básicas: a estrutura biológica de genoma e o tamanho. Quanto á estrutura biológica do genoma, o vírus é composto por DNA ou RNA, são incapazes de auto divisão e possuem o aparato necessário para tradução de seus próprios RNAs mensageiros e que não sintetizam moléculas de ATP como aporte energético. Em relação ao tamanho, os vírus são identificados por serem formas biológicas extremamente pequenas, capazes de atravessar poros de filtros esterilizantes de diâmetro 0.2-0.3 µm, e consequentemente, são estruturas invisíveis à microscopia óptica.
Um vírus gigante ou megavírus é um vírus muito grande, alguns dos quais são maiores que as bactérias típicas. Eles são vírus de grandes DNAs nucleocitoplasmáticos (NCLDVs, na sigla em inglês) que possuem genomas extremamente grandes em comparação com outros vírus e contêm muitos genes únicos não encontrados em outras formas de vida.
Inicialmente, os pesquisadores chegaram a confundir os vírus gigantes com uma bactéria. Em 1992, ao investigar a origem de um surto de pneumonia, pesquisadores no Reino Unido isolaram um novo microrganismo a partir de amostras de água coletadas em uma torre de abastecimento da cidade de Bradford. Um microrganismo gram-positivo e visível ao microscópio óptico foi isolado, o que sugeriram ser uma nova espécie de bactéria, a qual batizaram de Bradford coccus
Dez anos depois, em 2003, pesquisas revelaram que a nova “bactéria” isolada possuía um capsídeo icosaédrico (uma característica dos vírus), com 0.5 mm de diâmetro e com um genoma codificando para mais de 1.000 genes. Essa descoberta mostrou que a espécie Bradford coccus, antes relacionada a protista, tem de fato natureza viral.
O termo “vírus gigante” passou a ser adotado para denominar vírus facilmente visualizados em microscopia óptica. Após a reclassificação do Bradford coccus por sua identidade viral, novas pesquisas e descobertas foram feitas. A classificação atual dos NCLDVs consiste em seis famílias intimamente relacionadas de megavírus de amebas, a saber, Mimiviridae, Marseilleviridae, Pandoraviridae, Pithoviridae, Faustoviridae e Molliviridae . Enquanto a genealogia evolutiva dos NCLDVs permanece altamente debatida, a genômica comparativa de vários novos genomas de NCDLV de amebas de diversas geografias aumentou sua acurada classificação familiar. 
Algumas espécies novas de vírus gigante foram descritas no Brasil. Um vírus gigante isolado, a partir de uma amostra de água da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, recebeu o nome de Niemeyer, em homenagem ao famoso arquiteto brasileiro. "Uma espécie nunca antes isolada foi descoberta durante uma expedição científica no norte do país, no estado do Amazonas. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com a Universidade de Marseille (França), coletaram amostras de água do Rio Negro, um afluente do Rio Amazonas. Batizado pelos cientistas de Samba, uma homenagem à cultura e identidade brasileira, este vírus possui um capsídeo de diâmetro de 352 nm e fibrilas com 112 nm de comprimento, totalizando um diâmetro completo de 574 nm. O Samba virus é o maior vírus isolado em território brasileiro já descrito até o momento." 
Em 2018, dois novos vírus gigantes pertencentes a um novo gênero batizado de Tupanvirus foram descobertos no Brasil em ambientes aquáticos extremos, em condições semelhantes às que deram origem às primeiras formas de vida na Terra. Um deles foi coletado nas lagoas de água altamente salgada que ficam em Nhecolândia, na região de Corumbá (MS) e o outro Tupanvirus foi identificado em sedimentos marinhos coletados por um robô da Petrobrás a cerca de 3 mil metros de profundidade, na região da Bacia de Campos, na costa do Rio de Janeiro.
Os dois espécimes têm uma complexidade genética jamais encontrada em qualquer outro vírus, de acordo com os autores do estudo. A análise genômica revelou que o Tupanvirus possui genes semelhantes aos que existem em vírus conhecidos e em três domínios da vida: archea, bacteria e eukarya. Além disso, os pesquisadores constataram que um terço dos genes do Tupanvirus são completamente novos e desconhecidos.
Em relação a outros vírus, os vírus gigantes têm muito mais DNA em seu genoma, que por sua vez fornece o modelo genético para produzir as proteínas que permitem que os vírus se reproduzam independentemente do seu hospedeiro. Normalmente, mais da metade dos genes codificados por vírus gigantes não tem semelhança evidente com genes de outros vírus ou vida celular. Sequenciamento de DNA da água do oceano sugere que os vírus gigantes são abundantes e ecologicamente importantes; ainda assim, poucos foram isolados dos microrganismos que eles infectam. Sem poder estudar vírus gigantes no laboratório, pouco podem ser conhecidos sobre sua biologia, a forma como eles infectam seus hospedeiros, e sua influência vida aquática.
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