Ozonioterapia: Tire o Seu da Reta

Depois de tentar prevenir, sem sucesso, o aumento de casos de Covid-19 com homeopatia, cloroquina e ivermectina, Volnei Morastoni, prefeito de Itajaí-SC resolveu sugerir a aplicação de sessões de ozônio por via retal para tratar os pacientes. Mesmo reconhecendo que o efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos, o Ministério da Saúde recebeu essa semana defensores do procedimento por via retal. Não há recomendação da OMS para a ozonioterapia como forma de tratamento para a covid-19. Em 2018, a ozonioterapia foi reconhecida como tratamento complementar no SUS, como recurso aplicado a doenças como câncer, inflamações crônicas e infecções variadas. No entanto, após a medida, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu os médicos brasileiros de prescrever o uso do procedimento, com base no Código de Ética Médica. A entidade reforça que há falta de reconhecimento científico e protestou contra a 'alocação de recursos para práticas que não apresentam comprovações técnicas e científicas de sua eficácia”.




Depois de tentar prevenir, sem sucesso, o aumento de casos de Covid-19 com homeopatia, cloroquina e ivermectina, Volnei Morastoni, prefeito do município de Itajaí (Santa Catarina) resolveu apelar para algo mais radical: o prefeito do município catarinense está sugerindo a aplicação de sessões de ozônio por via retal para tratar os pacientes de Covid. Porém, nenhuma das alternativas apontadas por Volnei, que é médico, são indicadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ou por especialistas da saúde.
E como se não bastasse, a ideia absurda do prefeito foi longe. Esta semana o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, reuniu-se em Brasília com defensores da aplicação de ozônio no ânus como forma de combate ao coronavírus. Pazuello recebeu a presidente da Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica (Sobom), Maria Emília Serra Gadelha, e o deputado federal Giovani Cherini (PL-RS).No dia da reunião com Pazuello, Maria Emília publicou uma foto nas redes sociais e escreveu: “Brasília, em breve ozonizada!”. Alguns dias depois, ela afirmou que “uma insuflação retal de ozônio medicinal incomoda muita gente” e defendeu a aplicação no ânus como “uma das técnicas sistêmicas da ozonioterapia”.
"Não há recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a ozonioterapia como forma de tratamento para a covid-19. O próprio Ministério da Saúde já reconheceu que 'o efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus (covid-19) é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos', segundo documento publicado em abril, antes da chegada de Pazuello ao comando da pasta.
"O Ministério da Saúde define o tratamento da ozonioterapia como uma prática integrativa e complementar de baixo custo, que utiliza a aplicação de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio, por diversas vias de administração, com finalidade terapêutica. De acordo com a pasta, alguns setores de saúde adotam regularmente essa prática em protocolos de atendimento, como a odontologia, a neurologia e a oncologia.
"A ozonioterapia é uma técnica que utiliza a aplicação de oxigênio e ozônio, por diversas vias de administração, como: endovenosa, retal, intra-articular, intramuscular, intravesical, entre outros. O tratamento também pode ser feito pela ingestão de água ozonizada ou pela aplicação de óleo ozonizado na pele, conforme recomendação médica.
A técnica é complementar e auxilia o tratamento de doenças como o câncer, dores e inflamações crônicas, infecções variadas, além de feridas, queimaduras e problemas vasculares em que haja redução do fluxo sanguíneo."
"A ozonioterapia foi reconhecida como tratamento complementar no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018, como recurso aplicado a doenças como câncer, inflamações crônicas e infecções variadas. No entanto, após a medida, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu os médicos brasileiros de prescrever o uso do procedimento, com base no Código de Ética Médica, segundo nota pública de julho de 2018. A entidade reforça que há falta de reconhecimento científico e protestou contra a 'alocação de recursos para práticas que não apresentam comprovações técnicas e científicas de sua eficácia”.
O ozônio (0₃,) uma variedade alotrópica do oxigênio, isolada em 1839 pelo químico alemão Christian Friedrich Schönbein. Desde a segunda metade do século XIX que o ozônio já era erroneamente considerado benéfico à saúde. 
"Sendo um gás tóxico, o ozônio tão logo começou a ser usado na limpeza das salas de operações. Depois, começou-se a cogitar um poder regenerativo de células no organismo. Vários tratamentos com ozônio, por via aérea, endovenosa ou transretal, foram propostos nos últimos 150 anos para várias doenças: de câncer a aids, de esclerose a cirrose, de mal de Parkinson ao de Alzheimer. O que foi realmente comprovado e documentado pela Ciência é que o ozônio faz mais mal do que bem. Se inalado, causa irritação e edema nos pulmões. Injetado, aumenta a produção de hormônios da tireoide e adrenalina (um risco para cardíacos), pode causar insuficiência renal e outros efeitos colaterais. Inclusive, vários casos de embolias, paraplegias e até mortes relacionados a ozonoterapia já foram registrados.
O ozônio continua sendo um ótimo filtro de radiações ultravioleta na nossa atmosfera e um agente oxidante muto bom usado no tratamento de água e de rejeitos industriais vivos ou como esterilizante de ambientes hospitalares. No entanto, não existe ensaios clínicos, evidências, que demonstrem a utilidade do ozônio na Medicina."
Por ser corrosivo, o ozônio realmente mata microrganismos mas, assim como cloro, sabão, álcool gel ou detergente, seu uso deve ser externo.
"No compêndio “Alternative Medicine”, o médico alemão especializado em terapias alternativas Edzard Ernst conclui que, em todas as dimensões analisadas — plausibilidade, segurança, eficácia, custo, equilíbrio risco/benefício — o perfil da ozonioterapia, para qualquer condição de saúde, é negativo: ela não deve ser usada."
Portanto, se alguém vier te convencer de que aplicações de ozônio são benéficas, não engula esses argumentos. E nem o aceite por outras vias.
Para saber mais, clique nos links acima

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