"A Ameba Comedora de Cérebro" Ataca Outra Vez

A ameba de vida livre Naegleria fowleri, que ganhou da imprensa o apelido de "ameba comedora de cérebro" voltou a fazer vítimas nos EUA. Esse protozoário causa uma doença em humanos conhecida como Meningoencefalite Amebiana Primária (MAP), que destrói o tecido nervoso do nosso cérebro.
A doença é rara, mas fatal: de acordo com o CDC, 145 pessoas foram infectadas de 1962 a 2018 e apenas quatro sobreviveram. Recentemente, moradores de oito cidades do sudeste do Texas foram alertados pelas autoridades sanitárias para não utilizarem a água que abastece essas localidades devido à presença de Naegleria fowleri. Embora o número de vítimas de Naegleria seja melhor contabilizado nos EUA, a doença causada pela ameba faz vítimas no mundo todo. As infecções ocorrem com mais frequência pelo contato direto do hospedeiro com o protozoário, através da entrada de água contaminada nas vias nasais, em atividades físicas ou mesmo no lazer, como nadar ou mergulhar. (Fonte da Imagem: CDC)

O título desta postagem pode até parecer sensacionalista, mas não é. Existe, de fato, uma ameba que causa uma doença em humanos conhecida como Meningoencefalite Amebiana Primária (MAP) que destrói o tecido nervoso do nosso cérebro. Devido a essa característica marcante da doença, os veículos de imprensa resolveram batizar o protozoário causador de "ameba comedora de cérebro". A MAP caracteriza-se por inflamação do sistema nervoso central, em adultos, jovens e principalmente em crianças e é causada por um microrganismo de ocorrência rara denominado Naegleria fowleri. Alguns dos primeiros sinais incluem intensas cefaleias, febre, vômitos, náuseas, anorexia, convulsões, alterações de comportamento, evoluindo rapidamente, cerca de sete dias após os sintomas iniciais, para coma e óbito, geralmente, devido ao aumento da pressão intracraniana e hérnia, que são as causas da morte, caso a enfermidade não seja tratada rapidamente
Antes que os adeptos das teorias conspiratórias insinuem que tal ameba é mais uma criação de cientistas malvados para destruir a humanidade, esclareço que a Naegleria possui cerca 1,2 bilhão de anos e convive entre nós desde o aurora do homem. O primeiro caso de meningoencefalite amebiana relatado, ocorreu em 1965 na Austrália tendo como o agente etiológico amebas do gênero Naegleria
O temido protozoário, que pertence à uma classe de amebas de vida livre pode ser encontrada em locais onde há presença de águas mornas para fins recreacionais. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a Naegleria é comumente encontrada no solo, lagos quentes, rios e fontes termais. Também pode habitar piscinas mal conservadas ou sem cloro ou descargas de água quente de parques industriais. O CDC afirma que, embora as infecções por Naegleria fowleri sejam raras, a maioria é fatal. De 2009 a 2018, apenas 34 infecções foram relatadas nos Estados Unidos. 
Em julho de 2020, um caso da rara ameba foi confirmado na Flórida. De acordo com o órgão, 145 pessoas foram infectadas de 1962 a 2018 e apenas quatro sobreviveram.
Embora o número de vítimas de Naegleria seja melhor contabilizado nos EUA, a doença causada pela ameba faz vítimas no mundo todo.
Recentemente, moradores de oito cidades do sudeste do Texas foram alertados pelas autoridades sanitárias para não utilizarem a água que abastece essas localidades devido à presença de Naegleria fowleri.
Segundo informações da CNN Brasil, "o incidente começou no dia 8 de setembro, quando a cidade [Lake Jackson, Texas] foi informada sobre um menino de 6 anos que foi hospitalizado com a ameba. O garoto morreu na última semana, segundo a rede NBC.
O caso do menino foi rastreado até duas fontes possíveis: uma fonte de água em frente a um lago ou a própria água de uma mangueira em sua casa.
As autoridades municipais disseram que a fonte de água em questão foi fechada imediatamente e contrataram um laboratório particular para fazer um teste em uma amostra de cinco galões. Os resultados, conhecidos em 14 de setembro, foram negativos para a Naegleria fowleri, e o CDC foi contatado para mais testes.
Representantes do Departamento de Serviços de Saúde do Texas coletaram, então, água de abastecimento para análise do CDC. Em 25 de setembro, três das onze amostras de água deram positivo para Naegleria fowleri."
"As infecções por Naegleria ocorrem com mais frequência pelo contato direto do hospedeiro com o protozoário, através da entrada de água contaminada nas vias nasais, em atividades físicas ou mesmo no lazer, como nadar ou mergulhar.
A ameba possui duas formas infectantes, o trofozoitica e a cística, sendo a trofozoitica sensível, e a cística mais resistente a produtos de desinfecção. Não há recomendações estabelecidas em relação à profilaxia e controle da MAP por N. fowleri, atentando-se de modo geral, para uma satisfatória limpeza e higiene de piscinas, especificamente, nos filtros, bordas e fundo, utilizando produtos de desinfecção, por exemplo, o hipoclorito. No entanto a forma cística de N. fowleri apresenta maior resistência ao produto. 
O diagnóstico pode ser realizado pelo exame microscópico do fluido cefalorraquidiano (LCR), mais conhecido por líquor, no qual se identificam amebas móveis na forma trofozoitica. A infecção causada por N. fowleri apesar de ter poucos casos clínicos, têm caráter grave. Por se tratar de um diagnóstico difícil na maioria dos casos só é feito alguns dias após a infecção. O tratamento de escolha é um antifúngico, embora não seja eficaz, pois 95% dos casos levam a óbito."
Pesquisas futuras são necessárias para diminuir a elevada taxa de mortalidade associada à MAP, além  do desenvolvimento de estratégias preventivas e de compostos terapêuticos eficazes ser imprescindível para conter a ascensão da patologia.
Para saber mais, clique nos links acima

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