N95: A Máscara Que Foi Inspirada Num Sutiã

O primeiro protótipo da máscara N95 foi inspirado no projeto de um sutiã, idealizado por uma mulher chamada Sara Little Turnbull, funcionária da 3M nos fins da década de 1950. Por conta  dos cuidados dispensados a três familiares diretos, Sara passava a maior parte de seu tempo em ambientes hospitalares e notou o quanto médicos e enfermeiras mexiam em suas máscaras planas. Ela deduziu que o design do sutiã também funcionaria como uma cobertura facial em forma de concha e que poderia ser melhor para os profissionais médicos. A 3M aprovou a ideia e, em 1961, sua primeira máscara médica leve baseada no design do sutiã em forma de taça foi lançada e, apesar de alguns aperfeiçoamentos, permanece com o mesmo modelo que conhecemos até hoje.

Com o surgimento das novas variantes do coronavírus, nada mais prudente que redobrar a atenção com a qualidade e a eficácia das máscaras usadas no dia a dia, buscando modelos mias adequados e reforçados. O objetivo de preferir modelos reforçados é justamente evitar ao máximo o contato com as partículas virais que viajam na respiração, mesmo de indivíduos assintomáticos ou pouco doentes. Nesse sentido, países como a Alemanha e Áustria passaram a recomendar máscaras de uso profissional ao público em geral, conhecida como N95, no transporte público e em comércios. Já a França sugeriu a adoção das máscaras cirúrgicas descartáveis ou das feitas de pano, porém industrializadas.
Aqui no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) continua apostando nas versões caseiras, com alguns critérios. Porém, se você quer se sentir mais protegido pode usar uma máscara cirúrgica por baixo de uma de pano ou uma máscara PFF2.
Mas afinal, qual é a diferença da nossa PFF2 para a N95? As duas siglas se referem ao mesmo tipo de equipamento: a PFF2 é a certificação brasileira e a N95, a norte-americana. Ambas têm um poder de filtragem superior aos das máscaras cirúrgicas e de pano, e são recomendadas para barrar vírus disseminados por aerossóis (que permanecem suspensos no ar em minúsculas partículas por horas e horas).
Em tempos de pandemia, a N95 se tornou o equipamento de proteção individual (EPI) chave para os trabalhadores da linha de frente contra vírus infecciosos como o COVID-19.
De acordo com o FDA (Food and Drug Administration), esta máscara em forma de bolha bem ajustada bloqueia pelo menos 95 por cento das partículas muito pequenas transportadas pelo ar (daí o 95 do nome ), ao mesmo tempo que permite a respiração livre. Sua principal característica é a capacidade de capturar, pelo filtro, partículas não biológicas e de microrganismos na forma de aerossóis. Por isso, não importa se o elemento é “vivo” ou não, mas unicamente o seu tamanho e forma.
O respirador N95 pode ser cirúrgico ou industrial, assim como a PFF2 e o EPR. Comumente, ele é confundido com a máscara cirúrgica, no entanto, há uma série de diferenças entre esses dois equipamentos.
Talvez o que muita gente não sabe é que o primeiro protótipo do N95 foi inspirado no projeto de um sutiã, idealizado por uma mulher chamada Sara Little Turnbull.
Sara Turnbull (nascida Sara Finklestein) cresceu no Brooklyn na década de 1920. Depois de se formar na Parson's School of Design, ela começou a trabalhar na House Beautiful como editora de decoração. Turnbull deixou a House Beautiful e foi contratada pela 3M onde foi trabalhar na divisão de embalagens para presentes e fitas. Na época, a empresa estava experimentando um novo material não tecido que pudesse reter todos os tipos de formas moldáveis, permitindo a produção de fitas rígidas.
No entanto, a mente brilhante de Sara enxergou muito mais potencial para este material do que apenas a fabricação de fitas. Em 1958, ela fez uma apresentação de suas ideias para uma plateia só de homens e o seu argumento de venda de uma nova aplicação de produto usando este novo material despertou o interesse da 3M. E ela então recebeu sinal verde para criar um sutiã com molde em forma de taça.
Ao mesmo tempo, Sara estava cuidando de três de seus familiares imediatos, cada um sofrendo de uma doença diferente. Ela havia passado a maior parte de seu tempo em ambientes hospitalares e notou o quanto médicos e enfermeiras mexiam em suas máscaras planas. Ela deduziu que o design do sutiã também funcionaria como uma cobertura facial em forma de concha e que   poderia ser melhor para os profissionais médicos. Em suas apresentações, Sara sempre frisava que as empresas precisavam projetar produtos para usuários finais (médicos e enfermeiras), não distribuidores (o hospital). A 3M gostou da ideia e, em 1961, sua primeira máscara médica leve baseada no design do sutiã em forma de taça foi lançada.
No começo, a máscara apresentou alguns problemas. A máscara não conseguia bloquear os agentes patogênicos de forma eficaz, então a 3M se juntou a outras empresas interessadas e introduziu novas diretrizes e foi capaz de produzir o "primeiro respirador de uso único N95" em 1972 - o mesmo modelo que conhecemos hoje. Sara Turnbull prestou consultoria nesta linha nos anos 80, enquanto também trabalhava com outros clientes corporativos. Sara faleceu em 2015.
A máscara respiradora N95, claro, não é perfeita. Pode ser desconfortável quando usado por longas horas e às vezes fica difícil de respirar. Mas, embora alguns cientistas tenham trabalhado para melhorar o respirador, o protótipo de Turnbull continua vivo. O que começou como uma ideia para oferecer às mulheres conforto extra durante suas atividades do dia-a-dia prosperou como um dispositivo que salva vidas que ainda se mantém quase cinco décadas depois.
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