Melhorem Os Padrões de Ventilação!

Cientistas da Espanha, dos Estados Unidos e de 12 outros países publicaram um artigo na revista Science no qual pedem uma nova era na prevenção da transmissão aérea de infecções respiratórias, como o covid-19. Os pesquisadores sugerem que sejam alteradas ou elaboradas normas para regular a ventilação na mesma escala em que foram aplicadas nos séculos 19 e 20 para eliminar patógenos da água potável e evitar infecções nos alimentos. Os autores defendem o estabelecimento de medidas para ventilação interna, como fluxo de ar, taxas de filtração e monitoramento.


Um grupo internacional de 40 especialistas em virologia, medicina, aerossóis, qualidade do ar e ventilação de 14 países assinaram um artigo na revista Science no qual apelam para a melhoria da regulação da ventilação para combater doenças transmitidas pelo ar, como a covid-19. Os signatários pedem que sejam alterados ou desenvolvidos padrões para regular a ventilação na mesma escala que foram aplicados nos séculos 19 e 20 para eliminar os patógenos da água potável e prevenir infecções nos alimentos.
A equipe sugere uma "mudança de paradigma" na luta contra os patógenos transportados pelo ar, exigindo o reconhecimento universal de que as infecções podem ser evitadas melhorando os sistemas de ventilação interna.
Um estudo publicado em novembro de 2020 por cientistas da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou que restaurantes, academias, cafés e bares eram os locais com maior risco de contaminação pelo novo coronavírus. Hoje já se sabe que uma pessoa pessoa infectada expele aerossóis e que eles permanecem no ar por um período. Em um espaço fechado e mal ventilado, essas partículas menores podem se acumular no ar com o tempo e serem inaladas por outra pessoa.
Por isso, o texto do artigo liderado pela cientista Lidia Morawska, da Queensland University of Technology, (Austrália), pede padrões obrigatórios de ventilação de edifícios para incluir maior fluxo de ar, taxas de filtragem e monitores que permitam ao público observar a qualidade do ar em espaços internos compartilhados.
De acordo com os pesquisadores, dadas as evidências de que a transmissão aérea espalha infecções, deveriam existir padrões nacionais e internacionais de ventilação para controle de patógenos.
A maioria dos padrões mínimos de ventilação fora dos centros de saúde especializados e de pesquisa controlam apenas odores, níveis de CO2, temperatura e umidade.
Morawska afirma que os sistemas de ventilação “também devem ser controlados de acordo com a demanda para se adaptar às diferentes ocupações dos espaços internos e às diferentes atividades e ritmos respiratórios, como fazer exercícios em uma academia ou sentar-se no cinema”.
Por sua vez, o pesquisador espanhol José Luis Jiménez, que também participou da elaboração do artigo, lembra que apelo semelhante sobre a importância da ventilação já havia sido publicado na Science em 1945 pelo professor William Wells, da Universidade de Havard. Segundo Jimenez “duas décadas depois, Wells conseguiu demonstrar que a tuberculose era transmitida pelo ar, quebrando o dogma que nenhuma doença se espalhava assim. Mas não foi ouvido, e os regulamentos e sistemas de ventilação em quase todos os países ainda são insuficientes para prevenir infecções, o que ajudou muito a espalhar a pandemia covid-19 ”.
Embora uma análise econômica detalhada ainda não tenha sido realizada, Morawska observa que as estimativas “sugerem que os investimentos necessários em sistemas de construção podem ser inferiores a 1% do custo de construção de um edifício padrão, e economias muito maiores podem ser alcançadas." E o mais importante: a implementação dessas medidas reduziriam o custos sociais das infecções.
Para saber mais, clique nos links acima.

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