A Ornitologia Contra o Racismo



Após anos de controvérsia, a Sociedade Ornitológica Americana (American Ornithological Society) resolveu remover todos os nomes humanos atribuídos à espécies de aves, principalmente aqueles ligados a pessoas com histórias racistas. Estima-se que 70 a 80 aves serão renomeadas. Uma delas é narceja-de-Wilson (Gallinago delicata), assim chamada em homenagem ao naturalista Alexander Wilson (1766-1813).




A Sociedade Ornitológica Americana (American Ornithological Society) anunciou que várias espécies de aves nos EUA e no Canadá receberão novos nomes com base em seus habitats e características, em vez de nomes de pessoas. Após anos de controvérsia, a sociedade resolveu remover todos os nomes humanos atribuídos à espécies de aves, principalmente aqueles ligados a pessoas com histórias racistas. Estima-se que 70 a 80 aves serão renomeadas. O objetivo é criar um ambiente mais inclusivo para os fãs da observação de aves.
De acordo com a CEO da sociedade, Judith Scarl "as convenções de nomenclatura excludentes desenvolvidas em 1800, obscurecidas pelo racismo e pela misoginia, não funcionam para nós hoje, e chegou a hora de transformarmos esse processo e redirecionar o foco para os pássaros, onde ele pertence”. Segundo ela, "tem havido um preconceito histórico na forma como os pássaros são nomeados e quem pode ter um pássaro nomeado em sua homenagem."
Entre as aves que serão renomeadas temos a toutinegra-de-Wilson (Cardellina pusilla) e a narceja-de-Wilson (Gallinago delicata), ambas nomeadas em homenagem ao naturalista do século 19, Alexander Wilson (1766-1813). Wilson é considerado atualmente como um dos maiores ornitólogos norte-americanos. Várias espécies de aves levam o seu nome, incluindo o painho-de-wilson (Oceanites oceanicus), batuíra-bicuda (Charadrius wilsonia), falaropo-de-wilson (Phalaropus tricolor) e o parulini-de-calota-negra (Wilsonia pusilla).
Em 2020, a Sociedade Ornitológica Americana (AOS) renomeou um pássaro com o nome de um general do Exército Confederado, John P. McCown, como espora-longa-de-bico-grosso. A AOS disse que criará um novo comitê para supervisionar a atribuição dos novos nomes das aves.
“Este comité ampliará a participação ao incluir uma representação diversificada de indivíduos com experiência em ciências sociais, comunicações, ornitologia e taxonomia”, afirmou a AOS no seu comunicado. O público também estará envolvido no processo, acrescentou. A organização disse que essas “decisões importantes” foram tomadas para alterar nomes de pássaros prejudiciais e excludentes em inglês.
No início deste ano, a National Audubon Society (NAS), uma organização norte-americana de conservação de aves, decidiu manter o seu nome, apesar de uma pressão para uma mudança. James John Audubon, um famoso naturalista americano e ilustrador da vida selvagem, também possuía escravos e mantinha “atitudes prejudiciais para com os negros e indígenas”, reconheceu a NAS. A decisão foi tomada “após um longo processo para examinar o seu nome à luz da história pessoal do seu homônimo”, afirmou a sociedade num comunicado de março.
“O nome passou a representar muito mais do que o trabalho de uma pessoa, mas um amor mais amplo pelas aves e pela natureza, e uma abordagem apartidária à conservação”, disse Susan Bell, que faz parte do conselho da sociedade.

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