Pobre, Dodô!
A única cabeça preservada do Dodô (Raphus cucullatus), uma ave das Ilhas Maurícios extinta há mais de 315 anos, está no Museu de História Natural de Londres e representa um valioso vestígio da história natural. Descoberto por europeus em 1598, o Dodô foi extinto no final do século XVII devido à caça excessiva e à introdução de espécies invasoras. Com uma altura de aproximadamente 1 metro e peso entre 10 e 17 quilogramas, o dodô tornou-se um símbolo de extinção e um aviso sobre o impacto humano nos ecossistemas.
Formado por erupções vulcânicas há cerca de 10 milhões de anos, o arquipélago conhecido como Ilhas Maurícios, na verdade, é uma nação, localizada no Oceano Índico, a 800 quilômetros de distância do sudeste da África Oriental. O país é composto pelas Ilhas Rodrigues, Maurícia, Cargados, Agalega e Carajos. Em 1598, uma esquadra holandesa comandado pelo almirante Wybrand Van Warwyck desembarcou no arquipélago e o nomeou o local de "de Maurício" em homenagem ao príncipe Maurício de Nassau, governante de seu país. Os holandeses estabeleceram uma pequena colônia na ilha em 1638, da qual exploraram árvores de ébano e introduziram cana-de-açúcar, animais domésticos e veados.À época do descobrimento, os holandeses descobriram também uma ave que circulava livremente pela ilha; era o dodô (Raphus cuculatus), um grande pássaro de asas curtas que não voava. O dodô tinha cerca de um metro de altura e podia pesar mais de 20 kg na natureza. Sua aparência externa é conhecida apenas por pinturas e textos escritos no século XVII.
A imagem tradicional do dodô é de uma ave muito gorda e desajeitada, mas esta perspectiva pode ser exagerada. A opinião geral dos cientistas hoje é a de que muitas representações europeias antigas foram baseadas em aves cativas superalimentadas, ou em espécimes empalhados grosseiramente (veja ao lado a imagem clássica da ave pintada pelo ornitólogo George Edward e guardada no Museu de História Natural de Londres).
Sem demonstrar medo ou desconfiança, os dodôs foram facilmente capturados pelos holandeses, inclusive para servir de comida. Depois da chegada dos holandeses, a população de dodôs em Maurício começou a diminuir espantosamente. O exotismo do dodô tornou a ave um presente perfeito para os reis e imperadores da época. Há notícias de que as aves teriam sido enviadas ainda vivas à corte do imperador Rodolfo II, em Praga, e ao soberano Jahangir Khan (1605-1627), na Índia. Os dodôs teriam sido levados até o Japão e foram vistos durante exibições em Londres. Aprisionados em caixas de madeira, centenas deles não sobreviveram à longa viagem até a Europa.
Junto com os navios europeus chegaram também ratos e macacos, animais exóticos à fauna local. Introduzidos na ilha logo se tornaram uma praga e passaram a representar uma grande ameaça ao dodô por devorar seus ovos.
Assim, apesar de uma população abundante antes da chegada dos europeus, em pouco tempo o dodô foi extinto. O último animal foi avistado em 1668, na região hoje conhecida como Port Louis. A extinção do dodô em apenas cerca de um século após seu descobrimento chamou a atenção para um problema previamente desconhecido da humanidade: o desaparecimento por completo de diversas espécies.
Não se sabe a origem do nome dodô. Alguns acreditam que a palavra tenha origem em “dodoor” (preguiçoso), pois era assim que os holandeses o chamavam. Outros acreditam que o nome tenha relação com a palavra “dodaars”, que ainda em holandês significa traseiro gordo ou nó no traseiro. Ambas as características combinavam bem com a ave, que não precisava voar para se deslocar, alimentar ou se proteger. Hoje, tudo que sobrou da ave em Maurício está no Museu de História Natural do país, que abriga pinturas e algumas reconstruções ósseas, tentando manter viva a lembrança do animal.
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