Ernest Just: Biólogo, Negro e Pioneiro no Estudo das Membranas Celulares

Ernest Everett Just (1883-1941), um biólogo e embriologista estadunidense, negro, destacou-se na ciência pela defesa da importância do ambiente celular na fertilização e no desenvolvimento embrionárioAlém de suas pesquisas no campo da biologia celular, Just atuou como educador e divulgador científico, buscando tornar a ciência mais acessível e inspiradora para jovens negros e para a comunidade científica em geral. No campo da cidadania, Just ganhou notoriedade na luta contra as barreiras raciais que limitavam oportunidades para cientistas negros nos EUA.



De um modo geral, a ciência é vista como uma atividade desenvolvida por homens brancos. Isso é tão verdadeiro que, quando pensamos na imagem de um cientista, a primeira representação que nos vem à cabeça é a de um homem branco, de óculos, cabelo desgrenhado e semblante alucinado. Dificilmente associamos a imagem de um cientista com a figura de um homem negro. Rompendo esse estereótipo, vamos falar sobre Ernest Everett Just (1883-1941), um biólogo e embriologista estadunidense, negro, nascido em Charleston, na Carolina do Sul. Ernest Just se destacou na ciência pela defesa da importância do ambiente celular na fertilização e no desenvolvimento embrionário. No campo da cidadania, Just ganhou notoriedade na luta contra as barreiras raciais que limitavam oportunidades para cientistas negros nos EUA.
Just foi um dos primeiros negros a concluir doutorado em seu país. A sua linha de trabalho era voltada para a importância da membrana celular na fecundação, no desenvolvimento embrionário e em outros processos biológicos. Em seus estudos, Just enfatizou a importância da superfície do ovo/embrião na recepção de espermatozoides e nos eventos iniciais após a fertilização, investigou o curso da fertilização em várias espécies de invertebrados marinhos e descreveu mecanismos pioneiros sobre a divisão celular.
Quando se formou em Dartmouth em 1907, Just enfrentou os mesmos problemas que todos os graduados negros de sua época enfrentavam: não importava o quão brilhantes fossem ou quão altas fossem suas notas, era quase impossível para pessoas negras se tornarem membros do corpo docente em faculdades ou universidades brancas. Just aceitou o que parecia ser a melhor escolha disponível para ele e aceitou uma posição de ensino na historicamente negra Universidade Howard em Washington, D.C.
Procurando contornar o racismo institucional e a dificuldade em conseguir financiamento para as suas pesquisas nas universidades dos Estados Unidos, Just emigrou para a Europa em 1938 com o intuito de continuar os seus trabalhos científicos. Na Europa, alcançou reconhecimento internacional, publicou mais de 70 artigos científicos, editou revistas científicas e foi reconhecido como pioneiro no estudo da biologia celular e da fisiologia do desenvolvimento.
Além de suas pesquisas no campo da biologia celular, Just atuou como educador e divulgador científico, buscando tornar a ciência mais acessível e inspiradora para jovens negros e para a comunidade científica em geral. Em 1915 recebeu a Medalha Spingarn uma premiação anual da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP, em na sigla em inglês), destacando seu papel como modelo para estudantes afro-americanos, e publicou obras acessíveis ao público leigo que popularizaram conceitos de biologia celular.
Na atualidade, Ernest Just é homenageado em importantes universidades estadunidenses, na forma de prêmios e simpósios que levam o seu nome, sendo considerado um estímulo para que pessoas negras ingressem no meio científico. Em 1996, o governo dos Estados Unidos lançou um selo comemorativo em homenagem a Ermest Just.

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