É Hora de Dar um Restart nas Tecnologias Educacionais?

Países de vanguarda tecnológica na educação como a Suécia estão voltando a adotar os métodos tradicionais de ensino como os livros didáticos impressos em detrimento das telas digitais. Em alguns países como os EUA e Canadá, professores universitários querem retornar ao modelo da prova oral para conter o uso de ferramentas de IA como o ChatGPT na elaboração de respostas e trabalhos escritos. Até que ponto as tecnologias educacionais atrapalham o desenvolvimento cognitivo dos alunos, acarretando perda de desempenho e dificuldades de reter conhecimento pelos alunos? Crédito da imagem.



As novas tecnologias contribuíram em larga escala para o desenvolvimentos dos processos educacionais nas últimas décadas. Os inegáveis avanços decorrentes da aplicações de tecnologias inovadoras no ensino elevaram o aprendizado para outros níveis. Sabemos que os recursos tecnológicos, quando aplicados com base numa metodologia pedagógica sólida, são capazes de tornar o aprendizado mais inclusivo, flexível e alinhado à realidade dos alunos. Como novidades introduzidas na educação nos últimos tempos destacamos: a introdução de computadores, notebooks, tablets e smartphones nas salas de aula, acesso à internet e pesquisa online em tempo real, plataformas de ensino à distância com Ambientes Virtuais de Aprendizado (AVA), recursos multimídia interativos (uso de vídeos educativos, simulações virtuais, animações e áudios), lousas digitais e projetores interativos, gamificação, experiências imersivas usando realidade aumentada, Inteligência Artificial (IA) generativa, entre outros.
Entretanto, todo esse aparato tecnológico começa a dar sinais de desgaste, fazendo emergir um pergunta pertinente que dá título a essa postagem: será que está na hora de dar um restart nas novas tecnologias da educação? Em outras palavras: será que não está na hora de abandonarmos todos esses recursos modernos de aprendizagem e voltarmos aos métodos tradicionais de ensino? Como conciliar todo esse aporte tecnológico sem perder o foco no aprendizado? O fato é que precisamos fazer uma reavaliação dos conceitos arraigados sobre o ensino digital e procurar soluções com base no retorno das metodologias tradicionais.
Neste particular, a Suécia recentemente surpreendeu o mundo ao anunciar um direcionamento para um maior uso de livros impressos em detrimento das telas. O país europeu, reconhecido por sua vanguarda tecnológica e por ser um dos primeiros países a abraçar a digitalização na educação, resolveu reintroduzir os livros didáticos impressos em suas escola após verificar queda no desempenho de leitura e analfabetismo funcional com o uso de alta tecnologia em sala de aula. Aliás, já existe um debate complexo sobre o que realmente funciona no processo de aprendizagem, especialmente para crianças. Especialistas em neurociência estudam formas de valorizar métodos tradicionais de ensino que comprovadamente apoiam a alfabetização e o desenvolvimento cognitivo, sem abdicar dos avanços tecnológicos, buscando um equilíbrio que garanta a qualidade educacional.
Com o avanço de ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, que podem produzir textos e respostas complexas, professores têm buscado métodos de avaliação onde a autoria e a compreensão do aluno possam ser verificadas em tempo real. A prova oral é vista como uma solução eficaz para garantir que o conhecimento demonstrado seja, de fato, do estudante. Há um movimento crescente de professores no ensino superior que defendem a volta ou a maior utilização da prova oral como método de avaliação.
Segundo o professor Costa Derpanis, da Universidade de York no Canadá, nos dias atuais, as atividades escritas ou digitadas se tornaram obsoletas, visto que atualmente os alunos estão usando ferramentas de IA para produzir as atividades ou para auxiliá-los nestas. Neste caso, a prova oral surge como uma alternativa, o método de avaliação força o aluno a estudar e apender o conteúdo, além de estimular o desenvolvimento de outras valência, como a retórica e a argumentação.
Certamente, este é um assunto que divide opiniões. As tecnologias educacionais vieram para complementar os métodos tradicionais de ensino, não para substituí-los. O difícil é estabelecer um ponto de equilíbrio, sem se espelhar em modelos de países desenvolvidos como a Suécia, a Finlândia e os Estados Unidos
Para o Brasil, um país com desafios estruturais e desigualdades digitais acentuadas, o ideal seria um modelo híbrido e bem planejado, onde materiais didáticos impressos e tecnologia se complementem de forma estratégica. Ou seja, não condicionar o aprendizado à presença digital e investir em infraestrutura e equidade digital com o intuito de mitigar as desigualdades garantindo acesso a dispositivos e conectividade para todos. Além, é claro, de investir na capacitação dos professores para que eles possam usar a tecnologia de forma crítica e intencional, entendendo seus limites e potencialidades, e para que saibam como conduzir a aprendizagem com foco e menos distrações.
Para saber mais, clique nos links acima

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Mariposa da Morte

Sindemia?

Saiba Mais Sobre a Vitória-Régia