Por Dentro das Células-Tronco

Células-tronco são células encontradas nos embriões, no cordão umbilical e em tecidos adultos, como o sangue, a medula óssea e o trato intestinal, por exemplo. Ao contrário das demais células do organismo, as células tronco possuem grande capacidade de transformação celular, e por isso podem dar origem a diferentes tecidos no organismo. Além disso, as células-tronco têm a capacidade de auto-replicação, ou seja, de gerar cópias idênticas de si mesmas.
As células-tronco podem ser utilizadas para substituir células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, ou em tecidos lesionados ou doentes. As pesquisas com células-tronco sustentam a esperança humana de encontrar tratamento, e talvez até mesmo cura, para doenças que até pouco tempo eram consideradas incontornáveis, como diabetes, esclerose, infarto, distrofia muscular, Alzheimer e Parkinson. O princípio é o mesmo, por exemplo, do transplante de medula óssea em pacientes com leucemia, método comprovadamente eficiente. As células-tronco da medula óssea do doador dão origem a novas células sangüíneas sadias.
Então por que permitir a pesquisa com embriões, se as células-tronco são também encontradas em tecidos adultos? Porque as células embrionárias seriam as únicas que têm a capacidade de se diferenciar em todos os 216 tecidos que constituem o corpo humano. As células retiradas de tecidos adultos têm capacidade de dar origem a um número restrito de tecidos. As da medula óssea, por exemplo, formam apenas as células que formam o sangue, como glóbulos vermelhos e linfócitos.
A Lei da Biossegurança aprovada na Câmara autoriza as pesquisas científicas com células-tronco embrionárias, mas impõe uma barreira. Poderão ser pesquisados apenas os embriões estocados em clínicas de fertilização considerados excedentes, por não serem colocados em útero, ou inviáveis, por não apresentarem condições de desenvolver um feto. O comércio, produção e manipulação de embriões, assim como a clonagem de embriões, seja para fins terapêuticos ou reprodutivos, continuam vetados.
Para explorar as células-tronco usando as técnicas conhecidas hoje, é necessário retirar o chamado "botão embrionário", provocando a destruição do embrião. Esse processo é condenado por algumas religiões – como a católica - que consideram que a vida tem início a partir do momento da concepção. Há perspectivas de que no futuro se encontrem técnicas capazes de preservar o embrião, o que eliminaria as resistências religiosas. No início de 2007, por exemplo, cientistas americanos anunciaram a descoberta de uma nova fonte de células "coringa", extraídas do líquido amniótico, que preenche o útero durante a gravidez. Extraídas e cultivadas em laboratório, as células deram origem a vários tipos de células diferentes - ou seja, funcionam como células-tronco. Conforme os cientistas, as células-tronco extraídas do líquido amniótico não são idênticas às células-tronco embrionárias. Em alguns casos, porém, elas funcionam até melhor, dizem eles. Mas a gama de aplicações para esse novo tipo de célula-tronco pode ser menor do que no caso das embrionárias.
Contudo, em termos de tratamento de doenças, teremos que aguardar um pouco mais. Apenas no caso de leucemia e certas doenças do sangue se pode falar efetivamente em tratamento. As perspectivas ainda são a longo prazo, pois praticamente todas as terapias se encontram em fase de testes, embora alguns resultados preliminares sejam promissores. Os cientistas ainda têm várias questões a resolver, como a possibilidade de desenvolvimento de tumores, verificada em testes com camundongos.

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