Conhecendo o Vírus HPV

Nos dias de hoje são  conhecidos mais de 100 tipos diferentes do papilomavírus humano (HPV), sendo que aproximadamente 30 possuem tropismo pelo epitélio escamoso do trato genital inferior. Os tipos virais 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 70, 72, 81 e CP6108 são considerados de baixo risco para o desenvolvimento de câncer cervical, sendo relacionados com lesões benignas ( verrugas planas ou elevadas e neoplasia intraepitelial cervical ou NIC). Os tipos de médio e alto riscos incluem: 16,18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 59, 68, 73 e 82, e são relacionados a lesões de alto grau (NICs II e III) e câncer. Entre estes, os tipos 16 e 18 parecem possuir um potencial carcinogênico maior em relação aos demais vírus. Atualmente, os tipos 26, 53 e 66 também são considerados de alto risco em potencial. Além disso, muitas vezes podem ocorrer infecções por múltiplos tipos de HPV.
A infecção persistente por tipos oncogênicos do HPV  tem sido descrita como principal fator causal  para o desenvolvimento do câncer do colo uterino e de suas lesões precursoras. Esse tipo de câncer representa a segunda causa mais comum de câncer em mulheres no mundo, com cerca de 471 mil novos casos com 233 mil mortes reportadas a cada ano, constituindo-se em um dos mais graves problemas de saúde pública, especialmente para os países em desenvolvimento como o Brasil (cerca de 40 mil casos por ano).
A prevalência do HPV na população é alta. As estimativas globais indicam que aproximadamente 20% dos indivíduos estão infectados por algum tipo de HPV. A expectativa é que 75% a 80% da população será infectada durante a sua vida. Um aumento nesses números tem sido observado desde 1960, como consequência da prática do uso de contraceptivos orais, diminuição do uso de outros métodos de barreira, início precoce das relações sexuais, aumento do número de parceiros sexuais, paridade elevada e baixo nível socioeconômico. além disso, avanços tecnológicos nos métodos diagnósticos nos permitiram também detectar maior número de pacientes infectadso e, consequentemente, em risco para o desenvolvimento de neoplasias.
O diagnóstico molecular da infecção pelo HPV é importante para a triagem do vírus e baseia-se, principalmente, em métodos como: captura híbrida, southern blot, hibridização in situ, hibridização em fase sólida (microarrays) e reação em cadeia de polimerase (PCR). Entre eles, a captura híbrida 2 é o método mais utilizado em nosso meio para a detecção de HPV. Esta técnica baseia-se na hibridização de DNA, fazendo uso de sondas específicas contra os tipos de HPV considerados de alto risco. A PCR baseia-se na amplificação específica de segmentos de DNA alvo e tem potencial para a detecção de níveis muito baixos de carga viral em células e tecidos, mesmo em infecções ditas não produtivas. A PCR em tempo real (PCR-TR), por sua vez, é uma variação de PCR convencional. Esta metodologia permite distinguir as sequenciais de bases amplificadas de DNA por análise da temperatura de separação das duplas fitas, e, como as reações ocorrem em ambiente fechado, diminui a ocorrência de contaminações. Além disso, o uso de primers universais permite, teoricamente, a detecção de todos os tipos de HPV existentes.

Fonte: Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, vol.45, n° 6, dezembro de 2009

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