Genética Dinâmica em Sala de Aula

Professora da Universidade de Brasília usa dominós para ensinar genética. A técnica permite maior interação entre estudantes e melhor apreensão dos conceitos científicos envolvidos.

O ensino da variação genética sempre foi complicado, sendo considerado pelos professores um dos mais difíceis de ensinar e aprender em biologia. Que tal utilizar dominós para ensinar variação genética? Esta é a proposta que Nazaré Klautau, professora do Departamento de Genética e Morfologia da Universidade de Brasília (UnB), utiliza com seus alunos de graduação em biologia. 
Ao manipular as peças do jogo, estampado com etiquetas representando diferentes cromossomos, genes e alelos, os alunos podem visualizar e absorver melhor os conceitos científicos por trás dessas estruturas.“É um método dinâmico, já que os alunos atuam manipulando as peças que representam os cromossomos e enxergando as possibilidades de combinação genética”, afirma. Nazaré Klautau conta que os estudantes aderiram ao exercício e são muito participativos. “Eles conseguem relacionar os conceitos e treinar a manipulação.”
As peças são montadas da seguinte maneira: de um lado são coladas as etiquetas que representam os cromossomos, sequências de DNA contendo vários genes, e, do outro, os alelos relacionados às características escolhidas a serem trabalhadas (os AA e aa das aulas do ensino médio). Desse modo, os dominós podem ser utilizados nas três fases propostas. 
A primeira etapa trata da dinâmica do material genético na reprodução celular e utiliza a face com os cromossomos estampados. Orientados pelos professores, os alunos devem formar a estrutura de um genoma hipotético – material genético completo em um conjunto de cromossomos. 
Em seguida, as peças do dominó devem ser manipuladas de maneira a representar o comportamento dos cromossomos nas diferentes fases da divisão celular, como mostra a figura abaixo. “O objetivo dessa primeira parte é levar os estudantes a fazer as relações corretas entre os termos, como genoma e cromossomos, e suas respectivas estruturas”, afirma a professora.
Na segunda fase, os alunos, utilizando a mesma face do dominó, simulam as diferentes fases da meiose. É nesse processo de divisão celular que ocorre a produção dos gametas e é a partir dele que surgem as combinações genéticas que, por sua vez, levam às diferenças entre os indivíduos. 
Para a professora, a movimentação das peças facilita a visualização da construção do genoma, possibilitando um melhor entendimento da dinâmica dos cromossomos na formação das células sexuais. 
Já na terceira parte da atividade, utiliza-se o lado do dominó em que estão representados os genes – e seus alelos – pertencentes aos genomas paterno (azul) e materno (vermelho). Os genes escolhidos estão associados a grupo sanguíneo ABO, fator RH, variantes da hemoglobina e sensibilidade à feniltiocarbamida (PTC) – composto que tem sabor amargo para alguns e é insípida para outros.
Os estudantes devem manipular as peças analisando os produtos da meiose, com conjunto de alelos diferentes para as características em questão. Nessas combinações pode haver ou não a troca de informação genética entre os cromossomos homólogos – processo conhecido como crossing over. 
Ao final, o professor deve estimular debates e elaborar exercícios para a fixação do conteúdo.
A prática está sendo adaptada para se tornar também um jogo interativo de computador 
A atividade, fruto de pesquisa e experiência acadêmica, foi publicada na revista Genética na Escola e, segundo Nazaré Klautau, uma avaliação dessa dinâmica com estudantes de graduação será publicada em breve em um periódico científico.

Fonte: CH On-Line


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