Entenda A Sua Dor

Novas informações sobre os mecanismos que nos levam a sentir dor ajudam na criação de alternativas capazes de dar alívio aos pacientes

A dor é um dos mecanismos mais importantes de defesa do organismo. Se quebramos o braço, sentimos dor , e assim sabemos que não devemos usá-lo para não piorar a fratura. Se encostarmos em uma superfície quente, a variação de temperatura nos faz tirar a mão, evitando que o calor destrua a derme.  Se há infecção em algum órgão, cólicas intensas avisam que algo errado acontece. Sem a dor , seria impossível manter a integridade de nosso corpo.
Porém, existe a dor crônica -aquela que persiste por mais de 3 meses ou por um período superior ao calculado para a recuperação do paciente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 5 pessoas no mundo, uma sofra com a dor permanente. Atualmente, os avanços da ciência já são capazes de garantir a uma boa parcela desses paciente a possibilidade de uma vida sem dor. 
Para entender como a dor crônica é processada vamos usar o exemplo de quando encostamos a mão numa superfície quente. Pouco depois de encostarmos a mão numa panela quente a sensação para, porque os nociceptores (receptores presentes na derme que são capazes de perceberem cortes, queimaduras, pancadas e até áreas inflamadas) detectam que não houve dano aos tecidos e suspendem o estímulo doloroso. Porém, em alguns casos, os nociceptores não conseguem parar quando estimulados e a dor, então, torna-se constante, resultando na chamada dor crônica nociceptiva, como e ó caso das artrites e das dores miofaciais (dores dos músculos da face). 
Existem ainda a dor crônica neuropática e a mista. Na dor neuropática ocorrem danos nos nervos que transmitem a dor ao cérebro, causado pontadas ou sensações de queimação. Como exemplo deste tipo de dor crônica podemos citar as neuralgias por diabetes. Já a dor crônica mista, como o próprio nome sugere, é uma combinação das duas formas anteriores e as hérnias de disco servem para exemplificar este tipo de dor.
Em contrapartida, existem aquelas pessoas que não sentem dor de nenhum tipo. Pesquisas com estes raros indivíduos revelaram que eles são portadores de uma alteração genética que atinge os canais de sódio presentes nos nervos periféricos. Assim, a mutação genética prejudica o funcionamento normal do mecanismo de transmissão dos estímulos dolorosos. O que pode parecer algo vantajoso, na verdade, pode virar um drama. Pessoas que não sentem dor podem frequentemente ser vítimas de lesões danosas e infeções ou inflamações graves, pois o organismo delas não conseguem identificar estas injúrias a tempo.
Apesar da evolução da ciência e da descoberta de várias abordagens terapêuticas, muita gente ainda vive com dor. A vida pontuada pela dor, por vezes, torna-se um fardo. A pessoa sofre, perde dias de trabalho e tende-se a se isolar. No fim, pode acabar deprimida, e sem contar com a compreensão alheia. E, como emoções e dor andam juntas, é preciso dar atenção aos sentimentos. Se for necessário, pode-se procurar o auxílio de psicólogos. Opções como acupuntura, massagens e atividade física também são essenciais.
Adaptado de matéria da Revista IstoÉ (edição n° 2173, junho de 2011)

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