Abrace o Muriqui

Em 26 de outubro de 2011 foi lançada a campanha do muriqui a mascote das Olimpíadas de 2016, em cerimônia no Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico. Vamos entender a razão da escolha deste animal como mascote dos Jogos Olímpicos.
Muriqui em tupi-guarani significa gente que bamboleia, que vai e vem. Ficou conhecido como o “povo manso” da floresta. É o maior primata não humano do continente americano e o maior mamífero endêmico do Brasil, podendo atingir até 1,5m de altura, com uma cauda de um metro.
Durante a comemoração dos 30 anos do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) em 2009, uma questão foi levantada: por que no estado do Rio de Janeiro nunca houve um projeto governamental de conservação in situ do muriqui? São Paulo e Minas Gerais, estados que também abrigam a espécie, já tiveram ou têm programas oficiais bem-sucedidos de conservação. No estado do Rio de Janeiro, há carência até de dados atualizados sobre a espécie. As razões? Falta de dinheiro, infraestrutura e gente. 
Lançado em 2011 ano pelo ICMBio, o Plano de Ação Nacional de Conservação dos Muriquis é composto por 10 metas e 54 ações de curto, médio e longo prazo. A primeira meta – quantificar a população remanescente de muriquis até 2015 – ainda não teve sua implementação confirmada no estado do Rio de Janeiro.
O diretor do CPRJ, Alcides Pissinatti, diz que, na escala evolutiva, o muriqui é o chimpanzé das Américas. Vive exclusivamente na Mata Atlântica. São duas espécies, o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) que ocorre nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia, e o muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) que ocorre nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e parte do Paraná. Suas populações estão ameaçadas principalmente pela destruição e fragmentação do habitat, como também pela caça. 
De hábito pacífico, raro entre primatas, não costuma competir diretamente por alimentos e fêmeas. Uma de suas características mais marcantes é o fato de gostarem de abraçar uns aos outros. Costumam se abraçar em grupo, pendurados pelas caudas, num grande abraço coletivo. 
No estado do Rio de Janeiro ficaram acuados nas regiões serranas, últimos remanescentes da Mata Atlântica de difícil acesso. O muriqui é um dispersor natural de sementes. Sua conservação é estratégica, pois é considerado uma espécie guarda-chuva, isto é, sua preservação ajuda também à sobrevivência de outras espécies da fauna e da flora e, por tabela, de toda a Mata Atlântica.
Partindo da premissa de que era preciso buscar parcerias para fomentar um projeto que visasse atingir a meta 1 do Plano do muriqui, a veterinária Paula Breves sugeriu aumentar sua visibilidade ao público. A ideia gerou um debate entre as entidades e os especialistas já citados, incluindo esse autor. Daí para lançar a ideia do muriqui a mascote das Olimpíadas de 2016 foi um pulo.
A fraternidade entre os bandos de muriqui e os seus abraços simboliza a hospitalidade carioca, e reforça a identificação com o ideal olímpico.

Assista ao vídeo da campanha:


Fonte: O Eco

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