MSB: Um Banco Verde Por Natureza


Belas Imagens revelam a biodiversidade preservada no Banco de Sementes do Milênio (MSB), iniciativa que pretende, até 2020, proteger 25% de todas as plantas que produzem semente do mundo. O ambicioso projeto de preservação ambiental é baseado em parcerias internacionais, inclusive com o Brasil.


Longe de ser uma invenção de economistas europeus para sair da crise, o Banco de Sementes do Milênio (MSB, na sigla em inglês) é um projeto sediado nos Jardins Botânicos Reais Kew, em Londres, que busca reunir e preservar as sementes de todas as plantas do mundo, com base numa rede de parcerias com projetos nacionais de conservação.
Desde 2000 dedicando-se a catalogar a flora mundial, o acervo do MSB constitui-se na maior e mais diversa coleção do tipo no mundo. No banco, é possível encontrar sementes dos mais variados tipos e tamanhos, exaladas aos milhões, como no caso das orquídeas, ou solitárias filhas únicas, como a afrodisíaca semente de Seychelles nut. 
A iniciativa se transformou em livro pelas mãos do artista Rob Kesseler, da Universidade das Artes de Londres, e do morfologista Wolfgang Stuppy, do MSB. Seeds: Time Capsules of Life, publicação de 2006, ganhou há pouco uma nova edição, além de uma versão em espanhol – infelizmente, não há previsão de lançamento em português.
Os registros detalhados foram produzidos com um microscópio eletrônico de varredura e Kesseler deu uma ‘mãozinha’ à mãe natureza no resultado final, colorindo as imagens a partir da palheta de cores das folhas, flores e frutos das plantas. A ideia, segundo ele, é usar a beleza para atrair leitores, como as plantas que atraem insetos. A parceria entre os dois também gerou outros livros com registros únicos da natureza, como: The Bizarre and Incredible World of Plants e Fruit. Edible, Inedible, Incredible. Mas um banco não vive só de arte, tem que gerar dividendos de longo prazo: no caso do MSB, capital científico na forma, por exemplo, de conhecimentos sobre morfologia, ecologia e biologia molecular das sementes. Afinal, para preservar cada amostra, é preciso entender a melhor forma de armazenamento, a frequência com que pode ser utilizada em testes, as condições ideais para sua germinação, entre outros aspectos.
Por mais paradoxal que pareça, os próprios pesquisadores trabalham, desde o fim de 2012, na avaliação financeira desse conhecimento inestimável. Segundo Way, a iniciativa visa mostrar as vantagens da preservação e é similar à do estudo TEEB, que determina valores monetários para a perda do capital natural e compara-os aos custos reais de ações de preservação. 
Por fim, resta destacar que o trabalho e as metas ambiciosas que marcam o MSB não seriam possíveis sem um ‘mercado internacional’: uma grande rede de parceiros espalhados pelo mundo. A iniciativa atua junto a instituições de todos os continentes na criação de novas coleções, realização de pesquisas e catalogação de espécies, que são espelhadas localmente e no MSB.
Do Brasil, o MSB conta com muitas espécies da caatinga e do cerrado, frutos da parceria do jardim botânico britânico com a Embrapa nas décadas de 1980 e 1990. Mas, desde o início dos anos 2000, com a polêmica medida provisória 2.186-16, que trata da biopirataria e estabeleceu restrições à transferência de material biológico do país, a interação ficou mais complicada.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil possui 383 bancos de germoplasma, além da sétima maior coleção de sementes do mundo, a Coleção de Base da Embrapa (Colbase), com cerca de 120 mil amostras de quase 700 espécies, a única capaz de conservar esse tipo de material por longo prazo no país. A coleção brasileira, que tem como foco espécies ligadas à agricultura, reflete uma característica do setor no país: apesar de biodiverso, o Brasil é dependente de espécies exóticas na alimentação, por isso a Colbase tem mais sementes de plantas estrangeiras do que nativas.
Em 2011, a Embrapa firmou nova parceria com o Kew para cooperação científica e tecnológica na geração de conhecimento, qualificação dos bancos da América Latina, conservação da biodiversidade e promoção da agricultura sustentável. A iniciativa deu origem a dois cursos destinados a pesquisadores brasileiros e de toda a região. A instituição britânica também mantém parcerias com outros centros brasileiros, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Outra iniciativa de preservação de sementes – que está mais para uma caixa-forte do que para um banco – é a Svalbard Global Seed Vault. Apelidada de o "cofre do fim do mundo", a proposta do projeto, lançado em 2008, é preservar a flora do planeta no caso de algum evento cataclísmico que coloque em risco a vida na Terra. Construída na remota ilha de Svalbard, na Noruega, a caixa-forte de sementes é fruto de uma parceria entre o governo norueguês e a Organização das Nações Unidas (ONU) e possui capacidade para armazenar cerca de 2,25 bilhões de sementes, quando completa.
Fonte: Ciência Hoje On-Line (adaptado)

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