O Futuro do Design Pode Estar na Natureza



Cada vez mais  a tecnologia  busca designs inspirados na natureza O trem bala Shinkansen, do Japão,  por exemplo, teve seu formato baseado no bico do pássaro martim-pescador, o que confere melhor aerodinâmica, velocidade e deslocamento silencioso sobre os trilhos.


Quando o assunto é inovação, as ideias podem surgir dos lugares mais improváveis: do bico de um pássaro ao soprar do vento. O que surpreende é a presença cada vez maior da tecnologia entremeada a essas inspirações para melhorar o desempenho dos projetos. Caso do trem bala Shinkansen, no Japão. Com formato aerodinâmico, o meio de transporte teve seu contorno baseado no bico do pássaro martim-pescador, que ajuda a cortar o ar. O resultado? Aumento da velocidade dos vagões e deslocamento muito mais silencioso nos trilhos. “Os seres humanos sempre olharam à sua volta e aprenderam com as criaturas em torno deles. Entendemos sobre plantas medicinais ao imitar o uso que os animais faziam destas espécies”, diz Jamie Dwyer, bióloga, mestre em arquitetura e integrante do Institute of Biomimicry 3.8., que esteve recentemente na Escola Belas Artes, em São Paulo, para falar sobre esse processo, denominado biomimetismo.
Técnicas focadas no biomimetismo começaram a ser usadas mais formalmente no design há 15 anos com o objetivo de potencializar o desenvolvimento de produtos e mecanismos. O processo envolve análises rigorosas da natureza por arquitetos, urbanistas e designers para identificar padrões e soluções que possam ser reproduzidos. Entre os exemplos de aplicação deste campo de estudo está o velcro. O produto desenvolvido em 1941, pelo engenheiro suíço Georges de Mestral, teve origem graças à observação da planta Arctium. As sementes dessa espécie não desgrudavam com facilidade do pelo de seu cachorro e, a partir disso, a ideia do velcro surgiu.
Outro exemplo é a arquitetura do Centro Comercial Eastgate, no Zimbábue, cujo sistema de circulação de ar foi inspirado nos cupinzeiros africanos. O edifício projetado pelo arquiteto Mick Pearce, em parceria com engenheiros da Arup Associates, não possui refrigeração ou sistema de aquecimento. A eficiência do modelo é creditada aos tubos de ar que conseguem manter a temperatura ambiente interna (assim como nos cupinzeiros, onde correntes de convecção refrigeram o alimento).
O estudo do biomimetismo tem evoluído em alguns países, mas no Brasil ainda não há pesquisadores se dedicando exclusivamente ao assunto. “Esta é uma disciplina que ganha cada vez mais força em todo o mundo. As universidades já começam a ter programas específicos e os designers estão definitivamente usando mais o recurso”, afirma Jamie. “Estudos relacionados à biomimética trazem sustentabilidade aos projetos. A técnica está sendo usada em áreas médicas, no setor energético e até na impressão 3D.”
O tema está ainda muito envolvido com a chamada arquitetura vernacular, que incentiva o uso de materiais e técnicas locais nas construções. Bons exemplos são as casas de pau-a-pique, de adobe e de bambu, além dos iglus e de tantas outras moradias típicas de algumas regiões. Mas existe um projeto que une natureza e design de modo mais intenso, não somente imitando seus recursos, o biodesign. Uma linha que aposta na integração e aproveitamento dos mecanismos naturais, usando organismos vivos como matéria-prima.
“O objetivo das pesquisas nesta área é conseguir eficiência e sustentabilidade. Assim como a Art Noveau (filosofia artística do séc 19), estamos retornando à ideia de integrar a natureza ao mundo do concreto”, afirma William Myers, professor e autor do livro “Biodesign: Natureza, Ciência, Criatividade”, publicado pelo Museu de Arte Moderna de Nova York. “Poderemos, em breve, fazer construções mais amigáveis ao meio ambiente.”
Um bom exemplo desta proposta é o chamado bioconcreto – desenvolvido na Universidade Técnica de Delft, na Holanda. O material inteligente conta em sua composição com bactérias “fabricantes” de calcário que, quando ativadas por meio de água da chuva, impedem a degradação do produto. O estudo sobre biodesign também está presente no edifício BIQ (Quociente Bio Inteligente). O empreendimento alemão conseguiu total eficiência energética ao usar algas, cultivadas em vidros, na fachada. Os microrganismos captam energia solar e gás carbônico, devolvendo ao sistema biomassa e, por sua vez, energia sustentável.
Fonte: Portal IG (adaptado)

Comentários

  1. O homem sempre criou coisas baseadas na natureza. A natureza tem muito a ensinar e o ser humano muito a aprender.

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