Plasmídeos Para Todos

 Repositório americano guarda e distribui plasmídeos para pesquisadores do mundo todo. A Addgene mantém banco com cerca de 25 mil moléculas e kits para armazenamento e compartilhamento.

Boa parte da pesquisa na área de genética hoje em dia usa uma pequena molécula circular de DNA chamada plasmídeo em seus estudos. Considerado um DNA “acessório” por não se integrar ao genoma do organismo em que se encontra, o plasmídeo em geral ocorre em bactérias e é muito utilizado na clonagem gênica e para transferir genes entre diferentes organismos. A pesquisa brasileira que desenvolveu uma vacina contra o vírus HIV a ser testada este ano em macacos, por exemplo, foi feita com plasmídeos.
Uma de suas vantagens (em comparação com os vetores virais) é que eles veiculam informação genética sem inserir um gene de forma definitiva no DNA de uma pessoa, animal ou planta de uma pesquisa – e assim evita-se a ocorrência de mutações. São usados para multiplicar genes específicos e para produzir grandes quantidades de proteínas. E ainda para entender a função dos genes.
Uma vez construídas em laboratório, essas moléculas podem durar para sempre – desde que conservadas de maneira adequada. Os pesquisadores podem e costumam com frequência compartilhar os plasmídeos exclusivos desenvolvidos em seus laboratórios.

Mas, para isso, é preciso que estejam corretamente identificados e armazenados. Após ouvir muitas histórias de perdas de material – seja por falta de espaço no freezer, por mudanças do local de trabalho ou de etiquetas com identificações precárias –, Melina Fan, PhD em Biologia Celular pela Harvard University, Benjie Chen, PhD em Ciência da Computação pelo MIT, e Kenneth Fan, formado em Engenharia da Computação pela Tufts University, criaram em 2004 nos Estados Unidos a organização sem fins lucrativos Addgene.
Com sede em Cambridge, no estado de Massachusetts, a organização montou um repositório de plasmídeos que busca facilitar a localização, o pedido e o recebimento dessas moléculas por pesquisadores. Os cientistas podem manter aí seus plasmídeos (de preferência os que já tiveram pesquisas publicadas) – de graça – e encomendar moléculas que julguem interessantes para suas pesquisas.
A maior parte dos plasmídeos tem um custo de US$ 65 por pedido. De acordo com a organização, há descontos para pedidos grandes. “As taxas são para operacionalizar o repositório e fazer um controle de qualidade dos plasmídeos”, disse em um artigo da revista Lab Times Joanne Kamens, diretora executiva da organização e PhD em Genética de Harvard, que ainda tem experiência de 15 anos no centro de pesquisas da indústria farmacêutica Abbott. “Ao cobrar uma pequena taxa para cada uma das solicitações, a Addgene se mantém e não depende de fundos externos.”
Atualmente, apenas organizações não governamentais e universidades podem encomendar plasmídeos, mas a ideia é abrir ao menos parte da coleção também para a indústria. Nesses quase dez anos, a organização já distribuiu 320 mil plasmídeos pelo mundo. Somente em 2012, foram 60 mil.
No fim de setembro de 2013, estavam disponíveis mais de 25 mil plasmídeos e kits para pesquisadores, que haviam sido depositados por mais de 1,6 mil laboratórios de todo o mundo. Metade dos pedidos vem de pesquisadores de fora dos Estados Unidos, informou a organização. Entre as instituições brasileiras que mais fazem solicitações estão Universidade de São Paulo (USP), Centro Infantil Boldrini (de Campinas), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e A.C. Camargo Cancer Center.
Para acessar a página da Addgene, clique no link
Fonte: Agência Fapesp (adaptado)

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