Mitocôndria e Longevidade Feminina

Pesquisadores australianos afirmam em estudo científico que a explicação para a longevidade feminidade pode estar nas mitocôndrias, estruturas subcelulares responsáveis pela produção de energia na célula e detentoras de um material genético próprio 

Por que as mulheres vivem mais do que os homens? Parte da resposta a esta pergunta parece está relacionada com as mitocôndrias. Pelo menos é o que pensa a Dr.ª Madeleine Beekman e seus colegas da Universidade de Sydney, na Austrália. De acordo com o estudo publicado recentemente por eles na Philosophical Transactions, da Royal Society, os responsáveis pela longevidade feminina seriam determinados genes presentes apenas no DNA mitocondrial, um subconjunto de DNA que é herdado apenas das mães, nunca dos pais.
Em média, as mulheres vivem seis anos mais do que os homens. Por volta dos 85 anos, há cerca de 6 mulheres para cada 4 homens, uma proporção que vai para 2 mulheres para 1 homem ao redor dos 100 anos. No Brasil, por exemplo, a expectativa de vida dos homens era de 69,73 anos em 2010, e das mulheres, 77,32 anos, uma diferença de sete anos, sete meses e dois dias. As mitocôndrias, encontradas em todas as células do corpo humano, exceto nas hemácias do sangue ( glóbulos vermelhos), convertem as moléculas dos alimentos em energia, o que mostra sua importância para o envelhecimento e a longevidade.
De acordo com a teoria endossimbiótica, as mitocôndrias são descendentes de bactérias que se uniram a seus ancestrais de células animais e vegetais há cerca de um bilhão de anos. Por conta disso, elas mantiveram os seus próprios genes. Para evitar conflitos entre mitocôndrias geneticamente diferentes nas mesmas células, a maioria das espécies se organizou de modo a ter suas mitocôndrias oriundas de apenas um pai – em geral a mãe. Isso significa, conforme observa Beekman, que as mitocôndrias de um macho se encontram em um beco sem saída em termos evolutivos. Elas não podem evoluir de maneiras especificamente masculinas, por que independentemente de quão bem elas façam a um corpo masculino, elas não serão passadas para a próxima geração.
A Dr.ª Beekman observa que uma doença, chamada de neuropatia ótica hereditária de Leber, a qual é causada por um gene mitocondrial defeituoso, ocorre em apenas 10% das mulheres cujas mitocôndrias incluem o gene defeituoso, mas em 50% dos homens cujas mitocôndrias portam tal defeito. O gene em questão, em outras palavras, tem uma probabilidade menor de prejudicar uma mulher que um homem. A pesquisadora disse também que poderia listar uma série de outras doenças que sempre ou às vezes têm um componente mitocondrial, e especula que algumas dessas, também, podem se provar ser ou mais comuns ou mais sérias em homens que em mulheres.

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