Primeiro Banco de Dados Globais Sobre Água-Vivas


Uma equipe internacional de cientistas, com a participação do biólogo espanhol Carlos Duarte, mapeou as populações de medusas nos oceanos do mundo. A nova ferramenta vai analisar o impacto da distribuição destes animais nos ecossistemas marinhos.(crédito)

Um estudo internacional envolvendo pesquisadores do Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha (CSIC) resultou no desenvolvimento do primeiro banco de dados globais sobre registros de águas-vivas, com o objetivo de mapear as populações desses animais nos oceanos. A nova ferramenta vai contribuir para incrementar as poucas informações disponíveis sobre a biomassa de água-viva e sua distribuição global. Esta carência de dados prejudica o debate científico e midiático sobre o comportamento da água-viva num oceano em constante processo de modificação, bem como o seu impacto ecológico. O trabalho foi publicado na revista Global Ecology e Biogeography de julho.
Os pesquisadores desenvolveram a chamada Jellyfish Database Initiative (JeDI) para mapear a biomassa de águas-vivas nos 200 metros superiores dos oceanos do mundo todo, conforme explica o pesquisador Carlos Duarte, biólogo do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados (UIB-CSIC) e de dois outros centros na Austrália e Arábia Saudita. Com esta ferramenta, qualquer pessoa pode acessar dados sobre a extensão temporal e espacial das populações de águas-vivas, seja local, regional ou em escala global e suas implicações para os ecossistemas, segundo assinala o estudo liderado pela bióloga marinha Cathy Lucas da Universidade de Southampton (Reino Unido).
Usando dados coletados pelo JeDI, os cientistas demonstraram que a água-viva e outros integrantes do zooplâncton gelatinoso estão presentes em todos os oceanos do mundo, com as maiores concentrações nas latitudes médias do hemisfério norte. Ao norte do Oceano Atlântico, os registros mostraram que o oxigênio dissolvido e temperatura da superfície do mar são os principais responsáveis ​​pela distribuição da biomassa de água-vivas.
Esta análise espacial é o primeiro passo para se estabelecer uma base de dados de organismos gelatinosos a partir da qual se pode examinar as tendências futuras e avaliar hipóteses; especialmente aquelas que se relacionam com os múltiplos agentes modificadores regionais e globais da biomassa de águas-vivas. 
Os pesquisadores acrescentam que, se essa biomassa aumenta, especialmente no hemisfério norte, pode alterar a abundância da biodiversidade de zooplâncton e fitoplâncton . Esta circunstância poderia ter um efeito dominó sobre o funcionamento dos ecossistemas, dos ciclos biogeoquímicos e da biomassa de peixes.
O JeDI é o primeiro banco de dados coordenado por cientistas com registros de águas-vivas em escala global e reúne mais de 476.000 informações sobre águas-vivas e outros organismos gelatinosos. O JeDI foi projetado como um banco de dados de acesso aberto para os investigadores, meios de comunicação e para o público em geral e pode ser usado como uma ferramenta de pesquisa.
O Jellfish Database Initiative está instalado no National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS), um centro de pesquisa multidisciplinar associado à Universidade da Califórnia e você pode acessar o seu banco de dados através do link jedi.nceas.ucsb.edu .
O desenvolvimento do JeDi e uma rnova avaliação dentro de algumas décadas permitirá aos cientistas determinar se a biomassa de água-viva e sua distribuição foi alterada em decorrência das mudanças climáticas provocadas pelo homem.
Referência Bibliográfica:
Artigo: "Gelatinous zooplankton biomass in the global oceans: geographic variation and environmental drivers". Cathy H. Lucas, Daniel O. B. Jones, Catherine J. Hollyhead, Robert H. Condon, Carlos M. Duarte, William M. Graham, Kelly L. Robinson, Kylie A. Pitt, Mark Schildhauer, Jim Regetz. Global Ecology and Biogeography, 2014. DOI: 10.1111/geb.1269.
Fonte: Agência SINC

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