Morcegos do Bem

Geralmente associados à nocividade, os morcegos têm sido objeto de estudo por pesquisadores que valorizam o relevante papel ecológico que esses mamíferos alados desempenham para o bem dos ecossistemas

Fascinantes para alguns e assustadores para outros, os morcegos desempenham um papel ecológico importantíssimo como controladores de insetos - incluindo diversas pragas agrícolas - polinizadores e dispersores de sementes em diversos ecossistemas em que se encontram. Cerca de 70% das espécies se alimentam de insetos, e quase todo o restante consome frutos e néctar. Somente três espécies se alimentam de sangue: são os chamados morcegos hematófagos ou "vampiros', encontrados apenas na América Latina ( veja a postagem O Vampiro é Nosso aqui no Biorritmo).

O valor monetário dos serviços ecossistêmicos prestados pelos morcegos tem sido demonstrado por meio de estudos recentes, reforçando a importância de sua conservação e estudo. Neste particular, destaca-se o trabalho do biólogo e doutor em zoologia, Leandro Monteiro, professor associado do Laboratório de Ciências Ambientais (Environmental Sciences) e do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade  Estadual do Norte Fluminense (UENF), o qual decidiu explorar a ecologia desses mamíferos alados, buscando entender os processos responsáveis pela riqueza de espécies, diversidades de dietas alimentares e serviços ecológicos prestados. 
Presentes em quase todo o planeta - exceto em regiões polares e algumas ilhas oceânicas remotas -, os morcegos constituem cerca de 20% de todos os mamíferos da Terra, sendo os únicos animais dessa classe de vertebrados capazes de voar. Os morcegos são representados por cerca de 1200 espécies: 178 foram registradas no Brasil, sendo 78 somente no estado do Rio de Janeiro. Destas 10 são endêmicas do território brasileiro, e 5 delas exclusivas da Mata Atlântica. " Esses números, entretanto, precisam ser constantemente atualizados, já que com o avanço nas pesquisas em taxonomia e o incremento das amostragens em campo, novas espécies são frequentemente descritas e novos registros de ocorrência efetuados', diz Leandro Monteiro.
Os morcegos dependem, essencialmente, da disponibilidade de abrigos e de alimento. Há espécies bastante generalistas que vivem bem em cidades onde ficam abrigadas em forros de casa, vãos em prédios ou mesmo na folhagem das árvores, se alimentando de insetos ou frutos. Por outro lado, também há as exigentes, que podem enfrentar extinções locais se seus requerimentos não forem atendidos.
Morcegos aparecem em listas de espécies ameaçadas de extinção. No Brasil, cinco espécies estão assinaladas como vulneráveis (categoria VU da IUCN), todas elas com distribuição restrita e ocorrendo em áreas sob severa ação antrópica, como o bioma Mata Atlântica.
O principal dano aos morcegos causado pelos homens é a destruição de seus habitats, por meio, por exemplo, dos desmatamentos e mineração em áreas de cavidades naturais, que produzem os efeitos mais severos nas populações de morcegos.
O professor Leandro Monteiro explica que seus interesses sempre foram a biologia evolutiva e  a adaptação das espécies . Em 2004, os morcegos foram apresentados como possibilidade pelos doutores Marcelo Nogueira e Adriano Peracchi, sendo este último professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e um dos primeiros especialistas em morcegos no Brasil.

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