A Ideia é Plantar Batata em Marte

Projeto peruano em parceria com a Nasa pretende cultivar batatas em solos que recriam as condições ambientais de Marte para garantir a alimentação dos astronautas nas futuras missões de exploração. O projeto também visa ampliar o conhecimento sobre o cultivo da batata em regiões inóspitas do nosso planeta e combater a fome mundial

O Centro Internacional da Batata (CIP, em espanhol)), uma instituição com sede em Lima, no Peru, planeja em colaboração com a Nasa, cultivar batatas em um solo com as condições semelhantes á de Marte. O CPI quer recriar as condições dos solos marcianos visando desenvolver uma tecnologia de cultivo de batata para alimentar os astronautas nas futuras missões de exploração do Planeta Vermelho.
O projeto, na verdade, é um meio caminho entre as relações públicas, a astrobiologia e tecnologia agrícola. O mentor da ideia é Will Rust, diretor de criação da agência de publicidade Ogilvy Memac em Dubai. Rust propôs o projeto marciano como uma forma de chamar a atenção para a necessidade de se produzir espécies de batatas resistentes às condições ambientais severas e combater a fome no mundo. Além de ter interesse para as futuras missões espaciais, a iniciativa ajudaria a encontrar técnicas para melhorar a produção de batatas também em situações extremas aqui na Terra.
"O interesse de realizar este projeto no Peru é que, por um lado, aqui nós temos o maior número de variedades de batatas do mundo, algo entre 4000 e 5000, e também contamos com o deserto de La Joya, que possui muitas semelhanças com o terreno marciano ", explica Julio Valdivia-Silva, pesquisador associado da SETI na NASA e líder científico do projeto.
A batata foi domesticada há cerca de 3.800 anos ao longo das margens do Lago Titicaca entre o Peru e a Bolívia, e de lá, após a chegada dos europeus à América há 500 anos, expandiu-se para o resto do mundo. Atualmente, a batata constitui o quarto produto de cultivo para a alimentação mundial.
O projeto de cultivar batatas em Marte começará a testar as primeiras variedades a partir do mês de janeiro e pretende ir além do teste estritamente biológico. "Queremos fazer algo multidisciplinar, envolvendo biólogos e biotecnólogos, mas também especialistas em eletrônica ou geoquímica, porque queremos imitar as condições marcianas de radiação, quantidade de CO2 da atmosfera ou pressão". 
O solo de Marte tem componentes que são tóxicos para as plantas. Os percloratos, por exemplo, são os tipos de sais que permitem que a água flua no planeta em temperaturas abaixo de zero, mas teriam que reduzir a sua presença para favorecer o crescimento de plantas terrestres. Mais tarde, os cientistas terão que se preocupar com outros aspectos, como o efeito da gravidade em Marte, que corresponde a um terço da gravidade da Terra. Esta circunstância modifica as condições de troca de gases, tais como dióxido de carbono (CO2 ) e oxigênio na planta e faz com que elas cresçam mais lentamente.
Além do interesse em entender quais seriam os desafios da agricultura em Marte para futuras missões de exploração, Valdivia-Silva acredita que este trabalho tem um aplicação fundamental aqui em nosso planeta. "Queremos provar que as espécies de batatas que temos podem sobreviver em lugares áridos e hostis, como Marte e, em seguida, extrapolar o que aprendemos para lugares inóspitos da Terra, como desertos, áreas frias, muito secas ou expostas a muita radiação" explica.
Fonte: El País

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