A "Sala das Moscas" de Thomas Morgan

Para acrescentar novos elementos aos estudos sobre os fatores hereditários postulados por Mendel, o cientista estadunidense Thomas H. Morgan (1866-1945) montou em seu laboratório uma sala das moscas. A sala consistia numa coleção de garrafas de leite tapadas com estopa que servia como criadouro de moscas da espécie Drosophila melanogaster, mais conhecidas como moscas-das-frutas. A “Sala das Moscas” teve grande importância para história da biologia onde conseguiram esclarecer vários fatos da ciência como herança ligada ao sexo, mapeamento gênico, epistasia e os alelos múltiplos. 

A história do desenvolvimento científico nem sempre está permeada de descrições de laboratórios glamurosos, impecáveis e automatizados. Nas primeiras décadas do século 20, o zoólogo estadunidense Thomas Hunt Morgan (1866-1945) fez uma série de estudos buscando resposta para um dos grandes problemas científicos daquela época: encontrar os "fatores hereditários" postulados pelo monge agostiniano Gregor J. Mendel (1822-1884) . Junto com os seus alunos, montou uma "sala das moscas", na qual estudou as moscas da espécie Drosophila melanogaster (conhecidas como "drosófilas" ou moscas-das-frutas), principalmente as "mutantes". Do trabalho árduo e abnegado de Morgan e seus alunos notáveis da "Fly Room", como era chamada a sala, nasceu o primeiro mapa da posição de genes sobre um cromossomo, que deu a Morgan o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, de 1933.
A "Sala das Moscas"montada em seu laboratório na Universidade de Columbia, em Nova York, consistia numa coleção de garrafas de leite tapadas com estopa que servia como criadouro de moscas. Morgan reuniu em torno de si um grupo de estudantes ( mencionado como os "garotos" de Morgan no livro DNA, O Segredo da Vida, de James Watson) com quem compartilhou o prazer de se deixar surpreender pelo inesperado dos resultados de seus experimentos. Quando Morgan e seus alunos começaram ainda não havia fundos públicos para a pesquisa; bastava ter bananas no laboratório para fazer do Fly Room a residência de uma multidão de moscas, um modelo experimental que se reproduz rápido, não ocupa espaço e fácil de mantê-los vivos. 
A escolha para trabalhar com esse organismo não foi ao acaso, a mosca-das-frutas possuíam um ciclo de geração e reprodutivo muito curto. Possibilitando em um curto espaço de tempo vários experimentos. As drosófilas se reproduzem depressa - mil ovos por vez, 30 gerações por ano -; é fácil diferenciar o macho da fêmea pelo tamanho e pelo aspecto. Do Fly Room de Columbia nasceram as mais importantes concepções da genética depois de Mendel e antes de Watson e Crick, os formuladores da estrutura da dupla-hélice do DNA. As moscas-das-frutas foram as primeiras a ter o genoma completamente sequenciado e até hoje são utilizadas como modelo em estudos experimentais de genética.
Thomas Morgan começou a criar moscas por duvidar das conclusões de Mendel; buscava entre elas as diferentes, as "mutantes", como se consagrou chamar. Queria seguir a trilha que o método de Mendel abrira para o estudo das relações entre ascendentes e descendentes para desmenti-lo. Confirmou-o amplamente quando encontrou no Fly Room um macho mutante de olhos brancos - olhos vermelhos é o mais comum na espécie. 
A “Sala das Moscas” teve grande importância para história da biologia onde conseguiram esclarecer vários fatos da ciência como herança ligada ao sexo, mapeamento gênico, epistasia e os alelos múltiplos. 
Da genialidade dos estudantes e do método, aplicado a centenas de mutantes diferentes de drosófilas, nasceu a demonstração, para além da controvérsia científica, de que os "fatores hereditários" (hoje, chamados de genes) se encontram nos cromossomos; de que há traços cuja herança se liga ao sexo; de que os fatores ligados a determinadas características dispõem-se linearmente nos cromossomos, em unidades separadas entre si. Dessa última ideia nasceu o primeiro mapa da posição de genes sobre um cromossomo; sem mapas, não haveria genomas completos sequenciados.
Pelo conjunto da sua contribuição à ciência, Morgan recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1933. Dividiu o dinheiro com dois alunos seus que foram determinantes na concepção e na elaboração dos mapas genéticos, Sturtvant e Carl Bridges. Da Sala das Moscas saíram ainda importantes contribuições para a compreensão da estrutura dos genes e dos mecanismos da hereditariedade.
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