Jenner e a Descoberta da Vacina a Partir de uma Experiência Antiética

A descoberta da vacina por Jenner é um exemplo de uma experiência antiética bem sucedida com seres humanos. Mas, será que vale a pena realizar experimentos desta natureza para o bem da humanidade?

A primeira vacina de que se tem registro na história surgiu em 1796, quando o médico britânico Edward Jenner desenvolveu uma forma de imunização contra a varíola. Ele descobriu que, ao expor uma pessoa à versão bovina do vírus, ela tinha inicialmente reações leves, mas com rápida recuperação e, mais tarde, desenvolvia imunidade contra a versão humana da doença. 
A história da evolução do conhecimento está entremeada de mito e realidade. Observações isoladas já indicavam que certas doenças passavam de pessoa para pessoa, ou seja, eram contagiosas. Certas pessoas, talvez a maior parte, que tiveram uma doença, raramente adquiriam a mesma doença. Tornavam-se imunes. As ordenhadeiras, por exemplo, eram resistentes à varíola bovina.  Essas senhoras, no início de suas atividades profissionais , em geral adquiriam uma forma branda da varíola bovina restrita às mãos. Depois de curadas, não adquiriam mais essa doença, apesar de continuarem ordenhando vacas com varíola. Além disso, as manchas cutâneas típicas que caracterizavam pessoas sobreviventes de varíola raramente eram encontradas em ordenhadeiras.  As ordenhadeiras eram resistentes tanto à varíola bovina como à humana.
A humanidade estava ansiosa por medidas que prevenissem ou curassem a varíola. O índice de mortalidade da varíola era da ordem de 20 a 30%. Os circassianos, para impedir que suas jovens tivessem manchas de varíola e, assim, proteger seu comércio de escravas com os reis da Turquia e da Pérsia, inoculavam seus filhos  com pus obtido de pústulas brandas. 
Com bases nessas observações, Edward Jenner, em 1976, realizou sua famosa, heróica e antiética experiência em seres humanos: injetou pus obtido de pústulas da varíola bovina em crianças. As crianças que foram inoculadas com o pus, da mesma forma que as ordenhadeiras, durante as epidemias de varíola não tinham a doença. Tornaram-se imunes.
Estava descoberta, oficialmente, a primeira vacina , termo originado da língua latina vacca. Curiosamente, essa vacina grosseira, testada sem obedecer a princípios rigorosos da ética médica, foi a primeira vacina a erradicar uma doença. O último relato oficial de um caso de varíola aconteceu na Somália em 1970.
Essa descoberta esperou 150 anos para ser estendida a outras doenças: Robert Koch, von Bhering, Paul Eherlich e Louis Pasteur, no séculoXIX,  foram os responsáveis.
Face a este relato da descoberta da vacina podemos levantar alguns questionamentos em relação à ética na ciência. Até que ponto se deve levar os experimentos em prol da humanidade mesmo sabendo que os mesmos podem trazer conseqüências fatais?  Ou ainda: devemos frear os avanços científicos com reflexos comprovados  na saúde e bem estar do gênero humano em função das questões éticas?  Aguardo os seus comentários.

Veja também no biorritmo:

Comentários

  1. É realmente uma decisão difícil, acredito que os dois lados devem ser considerados frente a situações como essa, afinal, os experientos poderiam - e conseguiram - salvar infinitas vidas, apesar do risco explícito. Também descorri sobre o tema nesse post http://bit.ly/2K5DKkq

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